segunda-feira, 27 de junho de 2011

Palavras de origem hebraica e os mitos inventados

A ESTELA DE DAVID
Letra hebraica Dalet
David
(tem um som de ‘D’ como em Dado)

O Rabino Baal Shem Tov, o “Besht” (sábio do seculo18), disse uma vez que “as lágrimas abrem portas, mas a alegria derruba muralhas”.

A letra hebraica Dalet tem o valor numérico 4 e é a quarta letra no alfabeto hebraico. Dalet significa porta ou portal, que vem da raiz hebraica Dalut a antiga forma pictográfica da escrita da letra Dalet era algo em forma de uma porta (como se tivesse pendurada) de uma tenda. E a antiga ktav ivrit era em forma de um Triangulo.

A letra Dalet também esta conectada com a raiz hebraica Dalah que simboliza humildade e consciência que nãos possuímos nada por nós mesmos. Aquele que fica a porta a espera. Também alude ao conceito de Bitul o conceito de reconhecimento que não possuímos nada por nós mesmos e não somos nada fora do Criador que é o caminho para entrar pela porta do palácio de D-us.
A prática de ‘Bitul’ é também conhecida como Devakut ‘colar’ - se apegar à D-us.

A estrela de David, um rei que é chamado pelas escrituras um homem segundo o coração de D-us é composta por duas letras hebraicas na sua antiga forma (dois triângulos) antes do exílio da babilônia.

O nome David era escrito com apenas três letras no alfabeto hebraico: dalet, vav e dalet. A primeira e última letra (dalet) possuía uma forma semelhante ao triângulo. Se uma delas for invertida verticalmente e sobreposta à outra, forma-se a estrela de 6 pontas.

Mais uma hipótese é de que a estrela de 6 pontas seja uma versão estilizada do lírio branco, flor de seis pétalas que é identificada como o povo de Israel no livro bíblico Cântico dos Cânticos.

O mais antigo artefato judaico contendo uma estrela de 6 pontas de que há registro, é um selo encontrado na cidade de Sidon (hoje Líbano), datado cerca de 1100 anos antes de Cristo. Também foram encontradas estrelas de 6 pontas (hexagrama) e estrela de 5 pontas (pentagrama) em trabalhos arqueológicos, como no friso da sinagoga de Cafarnaum (século II ou III d.C.) e uma lápide (ano 300 d.C.), no sul da Itália.

Usando a antiga forma pictográfica das letras da palavra Da’at (conhecimento), podemos ver a simbologia de ‘a porta no olho’ que se abre.
Usando a mesma forma das letras em forma pictográfica para a palavra hebraica Dat (‘Religião’ ou conhecer) podemos ver a simbologia da porta que leva a cruz (pois a letra Tav, a antiga forma era a forma de uma cruz como o nosso ‘T’ hoje em dia)

Interessante que Yeshua nosso Messias e Rei veio da tribo de Yehudá (Judá) que contem todas as letras do nome sagrado de D-us o tetragrama (4 letras).

Nome de D-us o tetragrama inefável: יהוה

Nome Judá (Yehudá) em hebraico: יהודה

Que vem o nome Judeu (Yehudi): יְהוּדִי

Porem com o acréscimo da letra Dalet (que tem valor 4) que significa Porta, aludindo que Yeshua é a porta que leva a Adonay יהוה nosso Deus. (João 10:09) Yehudá “significa” Louvor/gratidão à Adonay e também deste nome que vem a forma Yehudi (Judeu).
Judeu é aquele que deve engrandecer e levar louvor ao nome de D-us Adonay através dos seus feitos e vida.

Apocalipse 3:20 – Aquele que abrir a porta eu entrarei e comerei com ele.

וּפָתַח אֶת־הַדֶּלֶת אָבֹא לֶאֱכֹל עִמּוֹ וְהוּא עִמָּדִי׃

O Nome de D-us é composto de 4 letras (Yud Hei Vav Hei) assim como sabemos a importância na composição das cadeias químicas do corpo, das 4 “letras”: C.H.O.N.(Carbono, Hidrogênio,Oxigênio e Nitrogênio).

O alfabeto do D N A, composto de 4 "letras": A.G.T.C. os quatro aminoácidos que compõem o nosso ADN. O compasso tem quatro pontos, quatro direções. 4 elementos, fogo, terra, água e ar e ainda com as 4 estações, primavera, verão, outono e inverno. O alfabeto hebraico transcende religião, raça, geografia e o próprio conceito de linguagem, elas são figuras universais, do alfabeto genético de todo o universo, para todas as pessoas, o tempo todo. O alfabeto hebraico contém profundos segredos da Criação.

Da palavra Hebraica Shaday (todo poderoso) nós temos o acróstico da frase "Shomer Daltot Israel" que significa Guardião das Portas de Israel. Da junção destas duas letras hebraicas Ayin ע e Dalet ד temos a palavra Ed – testemunho.

Dai vemos símbolos de um triangulo com um olho no meio, isto é Ayin e Dalet. Testemunho - Que na antiga escrita pictográfica era a forma de um olho e um triangulo.
‘Quando eu era criança ouvi uma velha parábola judaica que não pude então compreender, ela não dizia mais do que isto: Fora dos portões de Roma está sentando um mendigo leproso esperando e Ele é o Messias.
’ Então eu me dirigi a um velho Rabino e perguntei: ‘quem é Ele, que o Messias, está esperando?’
Então o velho Rabino me deu uma resposta que só vim a compreender mais tarde. A resposta foi: ‘Ele, o Messias, está esperando você.’

(historia do mendigo leproso nos portões de Roma extraído do Talmud tratado Sanhedrin 98b)

Como é bom e leve este mundo, se não nos submetemos ao mundo. E quão tenebroso e pesado quando nós submetemos ao mundo. Rabi Baruch de Mezibosh

Rabino Shmeon Ben Yochai (2° Século), Zohar. parte II página 212a e III página 218a, Amsterdã Ed.):
Há no jardim do Éden um palácio chamado: 'O palácio dos filhos da enfermidade, este é palácio no qual o Messias entra, e chama sobre si cada doença, cada dor, e cada castigo de Israel: então todas vêm e caem sobre Ele.
E assim tirou o peso de Israel, e os levou sobre si mesmo. Não havia nenhum homem capaz de carregar a punição de Israel por causa da transgressão da lei; este é aquele do qual está escrito, Verdadeiramente ele tomou sobre si (Isa.53, 4).

- Enquanto lhe dizem (o Messias) da miséria de Israel em seu cativeiro, e daqueles infiéis entre eles que não atenderam em conhecer seu Senhor, Ele (o Senhor deles o Messias) levanta sua voz e chora para pelas iniqüidades e infidelidades deles; e assim escreve-se, "ele foi ferido por causa de nossas transgressões" (Isa.53,5). Midrash (em Ruth 2.14):
É discurso do rei Messias – ‘venha em direção’, isto é próximo ao trono; "coma do pão", isto é o pão do Reino. 'Isto alude a (pão da) aflição, enquanto é dito, "mas foi ferido por causa de nossas transgressões, afligido por causa nossas iniqüidades" (Isa.53,5).

HEBREU
vêm de IVRISH, que quer dizer "aquele cujos princípios são diferentes", ou "aquele que está do outro lado" ou simplesmente "do outro lado do rio", que foi separado por adotar uma outra visão das coisas. O Talmud explica que o termo refere-se à busca espiritual monoteísta, em oposição ao materialismo pagão/politeísta que diferenciou os judeus das demais nações.

Gólgota é a adaptação para o grego da palavra aramaica גֹלְגֹלְתָא "Golgoltá", que nada tem a ver com a palavra inglesa "God", pois é totalmente diferente, e além disso, o aramaico é uma língua semítica e o inglês é um língua indo-européia, de modo que não pode haver nenhuma relação entre palavras de uma e de outra língua.

הַשֵּׁם "Hashem" ou "Ha-Shem", em hebraico, significa "O Nome".
O prefixo הַ "ha" é artigo definido, e significa "o".
A palavra hebraica שֵׁם "Shem" significa "nome", e nada tem a ver com o nome da deusa assíria Semíramis, pois são palavras totalmente diferentes e não relacionadas
El Shaday" em hebraico significa "Deus Onipotente".
A palavra hebraica אֵל "El" significa "Deus", e nada tem a ver com o nome de nenhum ídolo.
A palavra hebraica שַׁדַּי "Shaday" significa "Onipotente" ou "Todo-Poderoso", e nada tem a ver com nomes de espíritos malignos.
Não existe hebraico arcaico. O hebraico em que está escrito o Tanakh é o mais antigo que existe. Não existe em hebraico a palavra "Ulhim". Não existe em hebraico a palavra "Molkhiul". Deus em hebraico é "El" e não "Ul". A palavra hebraica רוּחַ "ruach" (o ch na transliteração de palavras hebraicas tem o som do ch em alemão na palavra Bach) significa "espírito" ou "vento".
רוּחַ הַקֹּדֶשׁ "Ruach ha-Kódesh" significa "Espírito Santo", e nada tem a ver com a palavra אַקּוֹ "akko", que é completamente diferente e não relacionada. Não existe em hebraico a palavra "Rúkha". Não existe em hebraico a palavra "hol". Não existe em hebraico a palavra "Hodshúa
רוּחַ הַקֹּדֶשׁ
"Ruach ha-Kódesh" significa "Espírito Santo", e nada tem a ver com a palavra אַקּוֹ "akko", que é completamente diferente e não relacionada.
Não existe em hebraico a palavra "Rúkha".
Não existe em hebraico a palavra "hol".
Não existe em hebraico a palavra "Hodshúa".
Não existe em hebraico a palavra "amnao". Amém em hebraico é אָמֵן "amén".
Infelizmente, as pessoas que escreveram o que consta nos mencionados sites mentem, e muito, e fazem desinformação, ou seja, divulgam informações totalmente falsas.
A palavra hebraica אֲדֹנָי ouאֲדוֹנָי "Adonai", que significa "Senhor", nada tem a ver com o nome do deus grego Adônis, pois a língua grega pertence à família lingüística indo-européia, e o hebraico pertence à família lingüística hamito-semítica, de modo que não se pode relacionar palavras de sons semelhantes gregas e hebraicas.
O nome יֵשׁוּעַ "Yeshua" nada tem a ver com a palavra hebraica עֵז "ez", que significa "bode".
A palavra "Deus" nada tem a ver com a palavra "Zeus", são palavras totalmente diferentes e não relacionadas
Por este motivo é que a forma abreviada do nome de Deus, יָהוּ Yahu, quando é colocada como prefixo, no início da palavra, passa a ser vocalizada como יְהוֹ Yeho.
Judá em hebraico é יְהוּדָה "Yehudá", que significa "ele seja louvado".
Judeu em hebraico é יְהוּדִי "Yehudi", que significa "de Judá", ou "da Tribo de Judá", ou "natural do Reino de Judá", ou "adepto do Judaísmo".
Israel em hebraico é יִשְׂרָאֵל Yisrael, que significa "Deus luta". Esta palavra, adaptada para o português, é Israel.
Israelita em hebraico é יִשְׂרָאֵלִי Yisraeli, que significa "descendente de Israel", ou "pertencente ao povo de Israel".
malkênu", que é a mesma palavra, com o sufixo da primeira pessoa do plural, e que significa "nosso rei", e מְלָכִים "melakhim", que significa "reis".

Outro exemplo:
כָּבוֹד "kavod", que significa "glória", e כְּבוֹדוֹ "kevodô", que é a mesma palavra, com o sufixo da terceira pessoa do singular, e que significa "a sua glória" ou "a glória dele
Este nome, יְהוֹשׁוּעַ "Yehoshua", ou יֵשׁוּעַ "Yeshua", é o nome do sucessor de Moisés, geralmente conhecido como Josué, e é também o nome do sumo sacerdote mencionado em Esdras 3:2 3:8 e Ageu 1:1 e 1:12 e 1:14 e em Zacarias 3:1, e é também o nome do Messias (Mashiach) Jesus o Nazareno (Yehoshua ou Yeshua haNetsari).
A forma abreviada do nome de Deus quando está no início da palavra é diferente de quando está no final da palavra, devido às regras fonéticas da língua hebraica, que exigem a alteração das vogais, conforme estejam posicionadas no início ou no fim da palavra, ou conforme estejam mais perto ou mais longe do fim da palavra, quando há formação de palavras juntando prefixos ou sufixos.
  יוֹחָנָן "Yochanan", forma mais abreviada do nome anterior.

יְהוֹשׁוּעַ "Yehoshua", que adaptado para o português é "Jeosua", ou "Josua", ou "Josué", ou "Jesus", que significa "Javé salva".

יֵשׁוּעַ "Yeshua", forma mais abreviada do nome anterior

יִרְמְיָה "Yirmeyá", forma mais abreviada do nome anterior.

As formas abreviadas do nome de Deus que são usadas como prefixos para formar nomes próprios são יְהוֹ "Yeho", יוֹ "Yo" e יֵ "Ye".

Exemplos:

יְהוֹחָנָן "Yehochanan", que adaptado para o português é "Jeoanã", ou "Joanã", ou "João", que significa "Javé agraciou
Yirmeyáhu", que adaptado para o português é "Jeremias", que significa "Javé atira"
Existem cinco formas abreviadas do nome de Deus que são usadas para formar nomes próprios, sendo que duas são usadas como sufixo e três são usadas como prefixo:
As formas abreviadas do nome de Deus que são usadas como sufixos para formar nomes próprios são יָהוּ "Yáhu" e יָה "Yá".

Exemplos:

יְשַׁעְיָהוּ "Yeshayáhu", que adaptado para o português é "Isaías", que significa "Javé salva".

יְשַׁעְיָה "Yeshayá", forma mais abreviada do nome anterior.
Existe uma forma abreviada do nome de Deus, que é יָהּ . Pronuncia-se "Yáhe", pois neste caso o "Hê" final é pronunciado, pois está com um ponto dentro dele, chamado "Mappiq", o qual indica que o Hê deve ser pronunciado, apesar de estar no final da palavra.
Esta forma abreviada do nome de Deus, adaptada para a língua portuguesa, é "Jae".

A forma abreviada do nome de Deus é usada no Tanach geralmente em trechos poéticos, como, por exemplo, Êxodo 15:2 e Salmos 118:5, e é usada também na expressão הַלְלוּ יָהּ "halelú Yáhe", que adaptada para o português é "aleluia", a qual significa "louvai a Jae".
Em hebraico, formas abreviadas do nome de Deus são usadas para formar nomes próprios


Shalom!

domingo, 26 de junho de 2011

Milhares de judeus da Índia irão fazer retorno á Israel

Judeus Indianos
Segundo informações da CBN, mais de 7.000 membros da Bnei Menashe chegarão em breve a Israel. Os membros da Bnei Menashe alegam ser descendentes de uma das 10 tribos perdidas de Israel que foram exiladas pelo império assírio há mais de 27 séculos. Eles residem principalmente nos dois estados indianos de Mizoram e Manipur, ao longo da fronteira com Burma e com o Bangladesh.
Durante todo o seu exílio e mesmo depois de a única cópia que tinham da Torah se ter pedido, os Bnei Menashe continuaram a observar as tradições judaicas, incluindo o Shabat, respeitavam o kosher, celebraram os festivais, seguiram as leis familiares da pureza, e lembravam o Êxodo do Egipto.
A Shavei Israel, um grupo com base em Jerusalem e que assiste os "judeus perdidos" que buscam retornar ao povo judeu tem ajudado a trazer muitos dos Bnei Menashe a Israel, e está também ajudando nesta nova "onda" de aliyah (retorno).
Graças aos esforços da Shavei Israel, o rabinato-mor de Israel reconheceu oficialmente os Bnei Menashe em 2005 como sendo "descendentes de Israel". A organização também ajudou na publicação da tradução do Livro de Shemot (Êxodo) para o mizo, uma das principais línguas faladas pelos Bnei Menashe, de forma a capacitá-los a se religarem à sua herança e aos textos básicos do povo judeu.

O chairman da Shavei Israel, Michael Freund, prestou nesta segunda-feira passada informações ao comité de imigração e absorção do Knesset acerca da bem sucedida integração na sociedade israelita dos 1.700 Bnei Menashe que já imigraram para Israel.
Ele referiu que uma impressionante percentagem de 96% dos Bnei Menashe já estão empregados, que a maioria dos seus filhos escolheram unidades de combate durante o seu serviço militar obrigatório nas FDI, muitos estão também inscritos em colégios e universidades, e alguns foram ordenados como rabis.
Freund disse então aos membros do comité que "é tempo de Israel permitir a vinda para casa dos restantes Bnei Menashe".
Freund contou então à CBN que aquilo que aconteceu a seguir foi um "milagre": o comité aceitou esboçar uma resolução a ser apresentada ao governo para aprovação no final de Julho.
Nas palavras de Freund à CBS, "a resolução significa que estamos apenas a um mês de uma viragem histórica em que 7.732 preciosas almas serão restauradas ao povo judeu."E concluiu: "Estou certo que muito em breve os Bnei Menashe atravessarão o mar, reunindo-se à Terra e ao povo de Israel, depois de uma impressionante jornada."
A Bíblia afirma que antes do retorno do Messias a Israel os judeus teriam de fazer retorno ("aliyah") à Terra dos seus antepassados. É isso que tem acontecido nestes últimos anos, confirmando a veracidade das profecias bíblicas para estes "últimos dias" e completando assim o plano de Deus para com o Seu povo eleito.
"Trazei Meus filhos de longe e minhas filhas das extremidades da terra." - Isaías 43:6.
Shalom, Israel!

sexta-feira, 24 de junho de 2011

você rejeitaria Hitler?

Adolf Hitler
Cuidado para não aceitar o Anti-Cristo
Em Isaias 11(vers. 3 e 4) vemos uma referência acerca do julgamento do messias sobre os povos:

"E deleitar-se-á no temor do SENHOR;e não julgará segundo a vista dos seus olhos, nem repreenderá segundo o ouvir dos seus ouvidos. Mas julgará com justiça aos pobres, e repreenderá com eqüidade aos mansos da terra; e ferirá a terra com a vara de sua boca, e com o sopro dos seus lábios matará ao ímpio"

Isaias esta dizendo que o Messias não julgaria segundo a aparência exterior e nem segundo o ouvir dizer, mas segundo a reta justiça. É comum nos fazermos julgamentos precipitados acerca das pessoas devido a aparência ou mesmo devido a imagem exterior que a pessoa representa. Mas o próprio Yeshua disse: "Não julgueis para que não sejas julgado", porque este tipo de julgamento, geralmente precipitado nosso, muitas vezes pode ser equivocado.
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Adolf Hitler, por mais incrivel que pareça,não bebia (nem em festa que proporcionava), não fumava (Hitler e o NS iniciaram campanhas contra o fumo, até proibindo o cigarro em certas cidades ), era vegetariano, adorava crianças, (Hitler adorava crianças, por isso investia em educação, pois acreditava que nelas repousava o futuro da nação), adorava animais (Hitler tornou experimentos médicos em animais ilegais).Era um amante da natureza (Hitler era um ambientalista ferrenho. Procurava proteger o ar e água limpos), era moralista (O NSDAP, sob o comando de Hitler, tinha como diretriz principal encorajar a moral da família, a maternidade, paternidade, Respeito e Honra), Amante das artes (Artista e amante das artes, ambas a música Clássica quanto a Arquitetura. Hitler era absolutamente contra qualquer deturpação e degradação artística tão presente nos dias de hoje) e odiava tudo que fosse imoral ou obseno (Hitler era absolutamente contra o uso de palavrões)
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Exteriormente esse homem parecia um santo. Chegou a ser eleito pela revista Time em 1938 como homem do ano. Foi aceito pelos católicos da alemanha e a maioria dos protestantes alemães.
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Portanto, fica ae um aviso da própria história, para não julgarmos segundo a aparência, pois nem sempre o que vemos no exterior, reflete o interior. Já o filho do homem que veio para nos salvar era acusado de andar com prostitutas e pecadores (Mt9,11/Lc5,30), foi chamado de comilão e beberrão (Mt11,19/Lc7,34), era constantemente acusado de estar endemoniado (Mt12,24/Lc11,15/Jo7,20/Jo8,48/Jo10,20) foi acusado de violar a lei (Mt12,1/Mc3,2) de blasfemar (Jo8,59) e acabou sendo rejeitado pelos seus. Ele mesmo disse aos seus: "Vós julgais segundo a carne; eu a ninguém julgo."  (João 8 : 15)
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Será que tudo isso fosse nos dias de hoje, na nossa geração, nós aceitariamos Yeshua e rejeitariamos Hitler? Será que sinceramente, sem hipocrisia, fariamos a escolha certa? Ou melhor ainda, se vier um anti-Cristo, que exteriormente pareça ser um homem de Deus, será que iremos aceita-lo? Fica ae um alerta para ninguém aceitar o Anti-Messias! Nem sempre o exterior reflete nosso interior. Sigamos a Torá e seus preceitos, mas tenhamos cuidado com nosso discernimento acerca dos outros, (e legalismo) pois um dos maiores monstros da humanidade, seduziu  a muitos com sua aparência exterior e o maior homem da humanidade até hoje ainda é rejeitado por muitos.

 Shalom!

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Quem escreveu a biblia

Rolos
Quem escreveu a Bíblia?
A história de Deus foi escrita pelos homens. Mas quem é o autor do livro mais influente de todos os tempos? As respostas são surpreendentes - e vão mudar sua maneira de ver as Escrituras
Textopor:  José Francisco Botelho

Em algum lugar do Oriente Médio, por volta do século 10 a.C., uma pessoa decidiu escrever um livro. Pegou uma pena, nanquim e folhas de papiro (uma planta importada do Egito) e começou a contar uma história mágica, diferente de tudo o que já havia sido escrito. Era tão forte, mas tão forte, que virou uma obsessão. Durante os 1 000 anos seguintes, outras pessoas continuariam reescrevendo, rasurando e compilando aquele texto, que viria a se tornar o maior best seller de todos os tempos: a Bíblia. Ela apresentou uma teoria para o surgimento do homem, trouxe os fundamentos do judaísmo e do cristianismo, influenciou o surgimento do islã, mudou a história da arte – sem a Bíblia, não existiriam os afrescos de Michelangelo nem os quadros de Leonardo da Vinci – e nos legou noções básicas da vida moderna, como os direitos humanos e o livre-arbítrio. Mas quem escreveu, afinal, o livro mais importante que a humanidade já viu? Quem eram e o que pensavam essas pessoas? Como criaram o enredo, e quem ditou a voz e o estilo de Deus? O que está na Bíblia deve ser levado ao pé da letra, o que até hoje provoca conflitos armados? A resposta tradicional você já conhece: segundo a tradição judaico-cristã, o autor da Bíblia é o próprio Todo-Poderoso. E ponto final. Mas a verdade é um pouco mais complexa que isso.

A própria Igreja admite que a revelação divina só veio até nós por meio de mãos humanas. A palavra do Senhor é sagrada, mas foi escrita por reles mortais. Como não sobraram vestígios nem evidências concretas da maioria deles, a chave para encontrá-los está na própria Bíblia. Mas ela não é um simples livro: imagine as Escrituras como uma biblioteca inteira, que guarda textos montados pelo tempo, pela história e pela fé. Aliás, o termo “Bíblia”, que usamos no singular, vem do plural grego ta biblia ta hagia – “os livros sagrados”. A tradição religiosa sempre sustentou que cada livro bíblico foi escrito por um autor claramente identificável. Os 5 primeiros livros do Antigo Testamento (que no judaísmo se chamam Torá e no catolicismo Pentateuco) teriam sido escritos pelo profeta Moisés por volta de 1200 a.C. Os Salmos seriam obra do rei Davi, o autor de Juízes seria o profeta Samuel, e assim por diante. Hoje, a maioria dos estudiosos acredita que os livros sagrados foram um trabalho coletivo. E há uma boa explicação para isso.

As histórias da Bíblia derivam de lendas surgidas na chamada Terra de Canaã, que hoje corresponde a Líbano, Palestina, Israel e pedaços da Jordânia, do Egito e da Síria. Durante séculos acreditou-se que Canaã fora dominada pelos hebreus. Mas descobertas recentes da arqueologia revelam que, na maior parte do tempo, Canaã não foi um Estado, mas uma terra sem fronteiras habitada por diversos povos – os hebreus eram apenas uma entre muitas tribos que andavam por ali. Por isso, sua cultura e seus escritos foram fortemente influenciadas por vizinhos como os cananeus, que viviam ali desde o ano 5000 a.C. E eles não foram os únicos a influenciar as histórias do livro sagrado.

As raízes da árvore bíblica também remontam aos sumérios, antigos habitantes do atual Iraque, que no 3o milênio a.C. escreveram a Epopéia de Gilgamesh. Essa história, protagonizada pelo semideus Gilgamesh, menciona uma enchente que devasta o mundo (e da qual algumas pessoas se salvam construindo um barco). Notou semelhanças com a Bíblia e seus textos sobre o dilúvio, a arca de Noé, o fato de Cristo ser humano e divino ao mesmo tempo? Não é mera coincidência. “A Bíblia era uma obra aberta, com influências de muitas culturas”, afirma o especialista em história antiga Anderson Zalewsky Vargas, da UFRGS.

Foi entre os séculos 10 e 9 a.C. que os escritores hebreus começaram a colocar essa sopa multicultural no papel. Isso aconteceu após o reinado de Davi, que teria unificado as tribos hebraicas num pequeno e frágil reino por volta do ano 1000 a.C. A primeira versão das Escrituras foi redigida nessa época e corresponde à maior parte do que hoje são o Gênesis e o Êxodo. Nesses livros, o tema principal é a relação passional (e às vezes conflituosa) entre Deus e os homens. Só que, logo no começo da Biblia, já existiu uma divergência sobre o papel do homem e do Senhor na história toda. Isso porque o personagem principal, Deus, é tratado por dois nomes diferentes.

Em alguns trechos ele é chamado pelo nome próprio, Yahweh – traduzido em português como Javé ou Jeová. É um tratamento informal, como se o autor fosse íntimo de Deus. Em outros pontos, o Todo-Poderoso é chamado de Elohim, um título respeitoso e distante (que pode ser traduzido simplesmente como “Deus”). Como se explica isso? Para os fundamentalistas, não tem conversa: Moisés escreveu tudo sozinho e usou os dois nomes simplesmente porque quis. Só que um trecho desse texto narra a morte do próprio Moisés. Isso indica que ele não é o único autor. Os historiadores e a maioria dos religiosos aceitam outra teoria: esses textos tiveram pelo menos outros dois editores.

Acredita-se que os trechos que falam de Javé sejam os mais antigos, escritos numa época em que a religiosidade era menos formal. Eles contêm uma passagem reveladora: antes da criação do mundo, “Yahweh não derramara chuva sobre a terra, e nem havia homem para lavrar o solo”. Essa frase, “não havia homem para lavrar o solo”, indica que, na primeira versão da Bíblia, o homem não era apenas mais uma criação de Deus – ele desempenha um papel ativo e fundamental na história toda. “Nesse relato, o homem é co-criador do mundo”, diz o teólogo Humberto Gonçalves, do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos, no Rio Grande do Sul.

Pelo nome que usa para se referir a Deus (Javé), o autor desses trechos foi apelidado de Javista. Já o outro autor, que teria vivido por volta de 850 a.C., é apelidado de Eloísta. Mais sisudo e religioso, ele compôs uma narrativa bastante diferente. Ao contrário do Deus-Javé, que fez o mundo num único dia, o Deus-Elohim levou 6 (e descansou no 7o). Nessa história, a criação é um ato exclusivo de Deus, e o homem surge apenas no 6o dia, junto aos animais.

Tempos mais tarde, os dois relatos foram misturados por editores anônimos – e a narrativa do Eloísta, mais comportada, foi parar no início das Escrituras. Começando por aquela frase incrivelmente simples e poderosa, notória até entre quem nunca leu a Bíblia: “E, no início, Deus criou o céu e a terra...”

Em 589 a.C., Jerusalém foi arrasada pelos babilônios, e grande parte da população foi aprisionada e levada para o atual Iraque. Décadas depois, os hebreus foram libertados por Ciro, senhor do Império Persa – um conquistador “esclarecido”, que tinha tolerância religiosa. Aos poucos, os hebreus retornaram a Canaã – mas com sua fé transformada. Agora os sacerdotes judaicos rejeitavam o politeísmo e diziam que Javé era o único e absoluto deus do Universo. “O monoteísmo pode ter surgido pelo contato com os persas – a religião deles, o masdeísmo, pregava a existência de um deus bondoso, Ahura Mazda, em constante combate contra um deus maligno, Arimã. Essa noção se reflete até na idéia cristã de um combate entre Deus e o Diabo”, afirma Zalewsky, da UFRGS.

A versão final do Pentateuco surgiu por volta de 389 a.C. Nessa época, um religioso chamado Esdras liderou um grupo de sacerdotes que mudaram radicalmente o judaísmo – a começar por suas escrituras. Eles editaram os livros anteriores e escreveram a maior parte dos livros Deuteronômio, Números, Levítico e também um dos pontos altos da Bíblia: os 10 Mandamentos. Além de afirmar o monoteísmo sem sombra de dúvidas (“amarás a Deus acima de todas as coisas” é o primeiro mandamento), a reforma conduzida por Esdras impunha leis religiosas bem rígidas, como a proibição do casamento entre hebreus e não-hebreus. Algumas das leis encontradas no Levítico se assemelham à ética moderna dos direitos humanos: “Se um estrangeiro vier morar convosco, não o maltrates. Ama-o como se fosse um de vós”.

Outras passagens, no entanto, descrevem um Senhor belicoso, vingativo e sanguinário, que ordena o extermínio de cidades inteiras – mulheres e crianças incluídas. “Se a religião prega a compaixão, por que os textos sagrados têm tanto ódio?”, pergunta a historiadora americana Karen Armstrong, autora de um novo e provocativo estudo sobre a Bíblia. Para os especialistas, a violência do Antigo Testamento é fruto dos séculos de guerras com os assírios e os babilônios. Os autores do livro sagrado foram influenciados por essa atmosfera de ódio, e daí surgiram as histórias em que Deus se mostra bastante violento e até cruel. Os redatores da Bíblia estavam extravasando sua angústia.

Por volta do ano 200 a.C., o cânone (conjunto de livros sagrados) hebraico já estava finalizado e começou a se alastrar pelo Oriente Médio. A primeira tradução completa do Antigo Testamento é dessa época. Ela foi feita a mando do rei Ptolomeu 2o em Alexandria, no Egito, grande centro cultural da época. Segundo uma lenda, essa tradução (de hebraico para grego) foi realizada por 72 sábios judeus. Por isso, o texto é conhecido como Septuaginta. Além da tradução grega, também surgiram versões do Antigo Testamento no idioma aramaico – que era uma espécie de língua franca do Oriente Médio naquela época.

Dois séculos mais tarde, a Bíblia em aramaico estava bombando: ela era a mais lida na Judéia, na Samária e na Galiléia (províncias que formam os atuais territórios de Israel e da Palestina). Foi aí que um jovem judeu, grande personagem desta história, começou a se destacar. Como Sócrates, Buda e outros pensadores que mudaram o mundo, Jesus de Nazaré nada deixou por escrito – os primeiros textos sobre ele foram produzidos décadas após sua morte.

E o cristianismo já nasceu perseguido: por se recusarem a cultuar os deuses oficiais, os cristãos eram considerados subversivos pelo Império Romano, que dominava boa parte do Oriente Médio desde o século 1 a.C. Foi nesse clima de medo que os cristãos passaram a colocar no papel as histórias de Jesus, que circulavam em aramaico e também em coiné – um dialeto grego falado pelos mais pobres. “Os cristãos queriam compreender suas origens e debater seus problemas de identidade”, diz o teólogo Paulo Nogueira, da Universidade Metodista de São Paulo. Para fazer isso, criaram um novo gênero literário: o evangelho. Esse termo, que vem do grego evangélion (“boa-nova”), é um tipo de narrativa religiosa contando os milagres, os ensinamentos e a vida do Messias.

A maioria dos evangelhos escritos nos séculos 1 e 2 desapareceu. Naquela época, um “livro” era um amontoado de papiros avulsos, enrolados em forma de pergaminho, podendo ser facilmente extraviados e perdidos. Mas alguns evangelhos foram copiados e recopiados à mão, por membros da Igreja. Até que, por volta do século 4, tomaram o formato de códice – um conjunto de folhas de couro encadernadas, ancestral do livro moderno. O problema é que, a essa altura do campeonato, gerações e gerações de copiadores já haviam introduzido alterações nos textos originais – seja por descuido, seja de propósito. “Muitos erros foram feitos nas cópias, erros que às vezes mudaram o sentido dos textos. Em certos casos, tais erros foram também propositais, de acordo com a teologia do escrivão”, afirma o padre e teólogo Luigi Schiavo, da Universidade Católica de Goiás. Quer ver um exemplo?

Sabe aquela famosa cena em que Jesus salva uma adúltera prestes a ser apedrejada? De acordo com especialistas, esse trecho foi inserido no Evangelho de João por algum escriba, por volta do século 3. Isso porque, na época, o cristianismo estava cortando seu cordão umbilical com o judaísmo. E apedrejar adúlteras é uma das leis que os sacerdotes-escritores judeus haviam colocado no Pentateuco. A introdução da cena em que Jesus salva a adúltera passa a idéia de que os ensinamentos de Cristo haviam superado a Torá – e, portanto, os cristãos já não precisavam respeitar ao pé da letra todos os ensinamentos judeus.

A julgar pelo último livro da Bíblia cristã, o Apocalipse (que descreve o fim do mundo), o receio de ter suas narrativas “editadas” era comum entre os autores do Novo Testamento. No versículo 18, lê-se uma terrível ameaça: “Se alguém fizer acréscimos às páginas deste livro, Deus o castigará com as pragas descritas aqui”. Essa ameaça reflete bem o clima dos primeiros séculos do cristianismo: uma verdadeira baderna teológica, com montes de seitas defendendo idéias diferentes sobre Deus e o Messias. A seita dos docetas, por exemplo, acreditava que Jesus não teve um corpo físico. Ele seria um espírito, e sua crucificação e morte não passariam – literalmente – de ilusão de ótica. Já os ebionistas acreditavam que Jesus não nascera Filho de Deus, mas fora adotado, já adulto, pelo Senhor. A primeira tentativa de organizar esse caos das Escrituras ocorreu por volta de 142 – e o responsável não foi um clérigo, mas um rico comerciante de navios chamado Marcião.

A Bíblia segundo Marcião
Ele nasceu na atual Turquia, foi para Roma, converteu-se ao cristianismo, virou um teólogo influente e resolveu montar sua própria seleção de textos sagrados. A Bíblia de Marcião era bem diferente da que conhecemos hoje. Isso porque ele simpatizava com uma seita cristã hoje desaparecida, o gnosticismo. Para os gnósticos, o Deus do Velho Testamento não era o mesmo que enviara Jesus – na verdade, as duas divindades seriam inimigas mortais. O Deus hebraico era monstruoso e sanguinário, e controlava apenas o mundo material. Já o universo espiritual seria dominado por um Deus bondoso, o pai de Jesus. A Bíblia editada por Marcião continha apenas o Evangelho de João, 11 cartas de Paulo e nenhuma página do Velho Testamento. Se as idéias de Marcião tivessem triunfado, hoje as histórias de Adão e Eva no paraíso, a arca de Noé e a travessia do mar Vermelho não fariam parte da cultura ocidental. Mas, por volta de 170, o gnosticismo foi declarado proibido pelas autoridades eclesiásticas, e o primeiro editor da Bíblia cristã acabou excomungado.

Roma, até então pior inimiga dos cristãos, ia se rendendo à nova fé. Em 313, o imperador romano Constantino se aliou à Igreja. Ele pretendia usar a força crescente da nova religião para fortalecer seu império. Para isso, no entanto, precisava de uma fé una e sólida. A pressão de Constantino levou os mais influentes bispos cristãos a se reunirem no Concílio de Nicéia, em 325, para colocar ordem na casa de Deus. Ali, surgiu o cânone do cristianismo – a lista oficial de livros que, segundo a Igreja, realmente haviam sido inspirados por Deus.

“A escolha também era política. Um grupo afirmou seu poder e autoridade sobre os outros”, diz o padre Luigi. Esse grupo era o dos cristãos apostólicos, que ganharam poder ao se aliar com o Império Romano. Os apostólicos eram, por assim dizer, o “partido do governo”. E por isso definiram o que iria entrar, ou ser eliminado, das Escrituras.

Eles escolheram os evangelhos de Marcos, Mateus, Lucas e João para representar a biografia oficial de Cristo, enquanto as invenções dos docetas, dos ebionistas e de outras seitas foram excluídas, e seus autores declarados hereges. Os textos excluídos do cânone ganharam o nome de “apócrifos” – palavra que vem do grego apocrypha, “o que foi ocultado”. A maioria dos apócrifos se perdeu – afinal de contas, os escribas da Igreja não estavam interessados em recopiá-los para a posteridade. Mas, com o surgimento da arqueologia, no século 19, pedaços desses textos foram encontrados nas areias do Oriente Médio. É o caso de um polêmico texto encontrado em 1886 no Egito. Ele é assinado por uma certa “Maria” que muitos acreditam ser a Madalena, discípula de Jesus, presente em vários trechos do Novo Testamento. O evangelho atribuído a ela é bem feminista: Madalena é descrita como uma figura tão importante quanto Pedro e os outros apóstolos. Nos primórdios do cristianismo, as mulheres eram aceitas no clero – e eram, inclusive, consideradas capazes de fazer profecias. Foi só no século 3 que o sacerdócio virou monopólio masculino, o que explicaria a censura da apóstola e seu testemunho. Aliás, tudo indica que Madalena não foi prostituta – idéia que teria surgido por um erro na interpretação do livro sagrado. No ano 591, o papa Gregório fez um sermão dizendo que Madalena e outra mulher, também citada nas Escrituras e essa sim ex-pecadora, na verdade seriam a mesma pessoa (em 1967, o Vaticano desfez o equívoco, limpando a reputação de Maria).

Na evolução da Bíblia, foram aparecendo vários trechos machistas – e suspeitos. É o caso de uma passagem atribuída ao apóstolo Paulo: “A mulher aprenda (...) com toda a sujeição. Não permito à mulher que ensine, nem que tenha domínio sobre o homem (...) porque Adão foi formado primeiro, e depois Eva”. É provável que Paulo jamais tenha escrito essas palavras – porque, na época em que ele viveu, o cristianismo não pregava a submissão da mulher. Acredita-se que essa parte tenha sido adicionada por algum escriba por volta do século 2.

Após a conversão do imperador Constantino, o eixo do cristianismo se deslocou do Oriente Médio para Roma. Só que, para completar a romanização da fé, faltava um passo: traduzir a palavra de Deus para o latim. A missão coube ao teólogo Eusebius Hyeronimus, que mais tarde viria a ser canonizado com o nome de são Jerônimo. Sob ordens do papa Damaso, ele viajou a Jerusalém em 406 para aprender hebraico e traduzir o Antigo e o Novo Testamento. Não foi nada fácil: o trabalho durou 17 anos.

Daí saiu a Vulgata, a Bíblia latina, que até hoje é o texto oficial da Igreja Católica. Essa é a Bíblia que todo mundo conhece. “A Vulgata foi o alicerce da Igreja no Ocidente”, explica o padre Luigi. Ela é tão influente, mas tão influente, que até seus erros de tradução se tornaram clássicos. Ao traduzir uma passagem do Êxodo que descreve o semblante do profeta Moisés, são Jerônimo escreveu em latim: cornuta esse facies sua, ou seja, “sua face tinha chifres”. Esse detalhe esquisito foi levado a sério por artistas como Michelangelo – sua famosa escultura representando Moisés, hoje exposta no Vaticano, está ornada com dois belos corninhos. Tudo porque Jerônimo tropeçou na palavra hebraica karan, que pode significar tanto “chifre” quanto “raio de luz”. A tradução correta está na Septuaginta: o profeta tinha o rosto iluminado, e não chifrudo. Apesar de erros como esse, a Vulgata reinou absoluta ao longo da Idade Média – durante séculos, não houve outras traduções.

O único jeito de disseminar o livro sagrado era copiá-lo à mão, tarefa realizada pelos monges copistas. Eles raramente saíam dos mosteiros e passavam a vida copiando e catalogando manuscritos antigos. Só que, às vezes, também se metiam a fazer o papel de autores.

Após a queda do Império Romano, grande parte da literatura da Antiguidade grega e romana se perdeu – foi graças ao trabalho dos monges copistas que livros como a Ilíada e a Odisséia chegaram até nós. Mas alguns deles eram meio malandros: costumavam interpolar textos nas Escrituras Sagradas para agradar a reis e imperadores. No século 15, por exemplo, monges espanhóis trocaram o termo “babilônios” por “infiéis” no texto do Antigo Testamento – um truque para atacar os muçulmanos, que disputavam com os espanhóis a posse da península Ibérica.

Escrituras em série
Tudo isso mudou após a invenção da imprensa, em 1455. Agora ninguém mais dependia dos copistas para multiplicar os exemplares da Bíblia. Por isso, o grande foco de mudanças no texto sagrado passou a ser outro: as traduções.Em 1522, o pastor Martinho Lutero usou a imprensa para divulgar em massa sua tradução da Bíblia, que tinha feito direto do hebraico e do grego para o alemão. Era a primeira vez que o texto sagrado era vertido numa língua moderna – e a nova versão trouxe várias mudanças, que provocavam a Igreja . Logo depois um britânico, William Tyndale, ousou traduzir a Bíblia para o inglês. No Novo Testamento, ele traduziu a palavra ecclesia por “congregação”, em vez de “igreja”, o termo preferido pelas traduções católicas. A mudança nessa palavrinha era um desafio ao poder dos papas: como era protestante, Tyndale tinha suas diferenças com a Igreja. Resultado? Ele foi queimado como herege em 1536. Mas até hoje seu trabalho é referência para as versões inglesas do livro sagrado.

A Bíblia chegou ao nosso idioma em 1753 – quando foi publicada sua primeira tradução completa para o português, feita pelo protestante João Ferreira de Almeida. Hoje, a tradução considerada oficial é a feita pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e lançada em 2001. Ela é considerada mais simples e coloquial que as traduções anteriores. De lá para cá, a Bíblia ganhou o mundo e as línguas. Já foi vertida para mais de 300 idiomas e continua um dos livros mais influentes do mundo: todos os anos, são publicadas 11 milhões de cópias do texto integral, e 14 milhões só do Novo Testamento.

Depois de tantos séculos de versões e contra-versões ainda não há consenso sobre a forma certa de traduzi-la. Alguns buscam traduções mais próximas do sentido e da época original – como as passagens traduzidas do hebraico pelo lingüista David Rosenberg na obra O Livro de J, de 1990. Outros acham que a Bíblia deve ser modernizada para atrair leitores. O lingüista Eugene Nida, que verteu a Bíblia na década de 1960, chegou ao extremo de traduzir a palavra “sestércios”, a antiga moeda romana, por “dólares”s, ainda não há consenso sobre a forma certa de traduzi-la. Em 2008, duas versões igualmente ousadas estão agitando as Escrituras: a Green Bible (“Bíblia Verde”, ainda sem versão em português), que destaca 1 000 passagens relacionadas à ecologia – como o momento em que Jó fala sobre os animais –, e a Bible Illuminated (‘Bíblia Iluminada”, em inglês), com design ultramoderno e fotos de celebridades como Nelson Mandela e Angelina Jolie.

A Bíblia se transforma, mas uma coisa não muda: cada pessoa, ou grupo de pessoas, a interpreta de uma maneira diferente – às vezes, com propósitos equivocados. Em pleno século 21, pastores fundamentalistas tentam proibir o ensino da Teoria da Evolução nas escolas dos EUA, sendo que a própria Igreja aceita as teorias de Darwin desde a década de 1950. Líderes como o pastor Jerry Falwell defendem o retorno da escravidão e o apedrejamento de adúlteros, e no Oriente Médio rabinos extremistas usam trechos da Torá para justificar a ocupação de terras árabes. Por quê? Porque está na Bíblia, dizem os radicais. Não é nada disso. Hoje, os principais estudiosos afirmam que a Bíblia não deve ser lida como um manual de regras literais – e sim como o relato da jornada, tortuosa e cheia de percalços, do ser humano em busca de Deus. Porque esse é, afinal, o verdadeiro sentido dessa árvore de histórias regada há 3 mil anos por centenas de mãos, cabeças e corações humanos: a crença num sentido transcendente da existência.

Top 5 pragas

I. Quando os hebreus eram escravos no Egito, o Senhor enviou 10 pragas contra os opressores do povo escolhido. A primeira delas foi transformar toda a água do país em sangue (Êxodo 7:21).

II. Como o faraó não libertava os hebreus, o Senhor radicalizou: matou, numa só noite, todos os primogênitos do Egito. “E houve grande clamor no país, pois não havia casa onde não houvesse um morto” (Êxodo 12:30).

III. Desgostoso com os pecados de Sodoma e Gomorra, Deus destruiu as duas cidades com uma chuvarada de fogo e enxofre (Gênesis 19:24).

IV. Para punir as deso­bediências do rei Davi, o Senhor enviou uma doença não identificada, que matou 70 mil homens e 200 mil mulheres e crianças (2 Samuel, 24: 1-13).

V. Quando a nação dos filisteus roubou a arca da Aliança, onde estavam guardados os 10 Mandamentos, o Senhor os castigou com um surto de hemorróidas letais. “Os intestinos lhes saíam para fora e apodreciam” (1 Samuel 5:9) .

Os possíveis autores

1200 a.C. - Moisés

Segundo uma lenda judaica, a Torá (obra precursora da Bíblia) teria sido escrita por ele. Mas há controvérsias, pois existe um trecho da Torá que diz: “Moisés morreu e foi sepultado pelo Senhor próximo a Fegor”. Ora, se Moisés é o autor do texto, como ele poderia ter relatado a própria morte?

1000 a.C. - Javista

Viveu na corte do rei Davi, no antigo reino de Israel, e era um aristocrata. Ou, quem sabe, uma aristocrata: para o crítico Harold Bloom, Javista era mulher. Isso porque os personagens femininos da Bíblia (Eva e Sara, por exemplo) são muito mais elaborados que os masculinos.

Século 4 a.C. - Esdras
Líder religioso que reformou o judaísmo e possível editor do Pentateuco (5 primeiros livros da Bíblia). Vários trechos bíblicos editados por ele pregam a violência: “Derrubareis todos os altares dos povos que ides expropriar, queimareis as casas, e mudareis os nomes desses lugares”.

Século 1 - Paulo
Nunca viu Cristo pessoalmente, mas foi o primeiro a escrever sobre ele. Nascido na Turquia, Paulo viajou e fundou igrejas pelo Oriente Médio. Ele escrevia cartas para essas igrejas, contando a incrível aventura de um tal Jesus – que foi crucificado e ressuscitou.

Século 1 - Maria Madalena

Estava entre os discípulos favoritos de Jesus – e, diferentemente do que o Vaticano sustentou durante séculos, nunca foi prostituta. Pelo contrário: tinha influência no cristianismo e é a suposta autora do Apócrifo de Maria, um livro em que fala sobre sua relação pessoal com Jesus e divulga os ensinamentos dele.

Século 1 - João
Escreveu o 4o evangelho do Novo Testamento (João) e o Livro do Apocalipse, o último da Bíblia. Para ele, Jesus não é apenas um messias – é um ser sobrenatural, a própria encarnação de Deus. Essa interpretação mística marca a ruptura definitiva entre judaísmo e fé cristã.

Século 5 - Jerônimo
Nascido no território da atual Hungria, este padre foi enviado a Jerusalém com uma missão importantíssima: traduzir a Bíblia do grego para o latim. Cometeu alguns erros, como dizer que o profeta Moisés tinha chifres (uma confusão com a palavra hebraica karan, que na verdade significa “raio de luz”).

Século 16 - William Tyndale
Possuir trechos da Bíblia em qualquer idioma que não fosse o latim era crime. O professor Tyndale não quis nem saber, traduziu tudo para o inglês, e acabou na fogueira. Mas seu trabalho foi incrivelmente influente: é a base da chamada “Bíblia do Rei James”, até hoje a tradução mais lida nos países de língua inglesa.

As história da história
Como o livro sagrado evoluiu ao longo dos tempos

Tanach - Século 5 a.C.

É a Bíblia judaica, e tem 3 livros: Torá (palavra hebraica que significa “lei”), Nebiim (“profetas”) e Ketuvim (“escritos”). É parecida com a Bíblia atual, pois os católicos copiaram seus escritos. Contém as sementes do monoteísmo e da ética religiosa, mas também pregações de violência. A primeira das bíblias tem trechos ambíguos e misteriosos – algumas passagens dão a entender que Javé não é o único deus do Universo.

Septuaginta - Século 3 a.C.

O Oriente Médio era dominado pelos gregos e pelos macedônios. Muitos judeus viviam em cidades de cultura grega, como Alexandria, e desejavam adaptar sua religião aos novos tempos. Diz a lenda que Ptolomeu, rei do Egito, reuniu um grupo de 72 sábios judeus para traduzir a Tanach – e fizeram tudo em 72 dias. Por isso, o resultado é conhecido como Septuaginta. Inclui textos que não constam da Tanach.

Novo Testamento - Século 1

A língua do Antigo Testamento é o hebraico, mas o Novo Testamento foi escrito num dialeto grego chamado coiné. Contém os relatos sobre vida, milagres, morte e ressurreição de Jesus – os evangelhos. Em alguns trechos, vai deixando evidente a divergência entre cristianismo e judaísmo. É o caso, por exemplo, do Evangelho de João, em que Jesus é descrito como uma encarnação de Deus (coisa na qual os judeus não acreditavam).

Católica - Século 4
Seus autores decidiram incluir 7 livros que os judeus não reconheciam. São os chamados Deuterocanônicos: Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, Macabeus 1 e 2 (mais trechos dos livros Daniel e Ester). A Bíblia católica bate na tecla do monoteísmo: a palavra hebraica Elohim, usada na Tanach para designar a divindade, é o plural de El, um deus cananeu. Mas foi traduzida no singular e virou “Senhor”.

Ortodoxa - Por volta do século 4

É baseada na Septuaginta, mas também inclui livros considerados apócrifos por católicos e protestantes: Esdras 1, Macabeus 3 e 4 e o Salmo 151. A tradução é mais exata (nesta Bíblia, Moisés nunca teve chifres, um erro de tradução introduzido pela Bíblia latina), e os escritos não são levados ao pé da letra: para os ortodoxos, o que conta são as interpretações do texto bíblico, feitas por teólogos ao longo dos séculos.

Protestante - Século 16
Ao traduzir a Bíblia para o alemão, Martinho Lutero excluiu os livros Deuterocanônicos e mudou algumas coisas. Um exemplo é a palavra grega metanoia, que na Bíblia católica significa “fazer penitência” – uma referência à confissão dos pecados, um dos sacramentos católicos. Já Lutero traduziu metanoia como “reviravolta”. Para ele, confessar os pecados era inútil. O importante era transformar a vida pela fé.


Top 5 milagres
I. O maior de todos os milagres divinos foi o primeiro: a Criação do mundo, pelo poder da palavra. “E Deus disse: que haja luz. E houve luz” (Gênesis 1:3).

II. Para dar-lhe uma amostra de seus poderes, o Senhor leva Ezequiel a um campo cheio de esqueletos – e os traz de volta à vida. “O vento do Senhor soprou neles, e viveram” (Ezequiel, 37; 1-28).

III. Graças à benção divina, o herói Sansão tinha a força de muitos homens. Certa vez, foi atacado por um leão. “O espírito do Senhor deu-lhe poder, e Sansão destroçou a fera com as próprias mãos, como se matasse um cabrito” (Juízes 14:6).

IV. Josué liderava uma batalha contra os amalequitas, mas o Sol estava se pondo. Como não queria lutar no escuro, o hebreu pediu ajuda divina – e o Sol ficou no céu (Josué 10:13).

V. Para fugir do Egito, os hebreus precisavam atravessar o mar Vermelho. E não tinham navios. Moisés ergueu seu bastão e as águas do mar se dividiram. Após a passagem dos hebreus, o profeta deixou que as ondas se fechassem sobre os exércitos do faraó (Êxodo 14; 21-30).

Para saber mais
A Bíblia: Uma Biografia
Karen Armstrong, Jorge Zahar Editora, 2007.
Mais: Trinta curiosidades sobre a biblia

quarta-feira, 22 de junho de 2011

A superficial reforma protestante

Martinho Lutero
A Religião Católica em Declínio
Em fins do século 15, a Religião de Roma, com paróquias, mosteiros e conventos espalhados por todos os seus domínios, tornara-se a maior proprietária de terras de toda a Europa. Consta que ela era dona de nada menos que a metade das terras na França e na Alemanha, e dois quintos ou mais na Suécia e na Inglaterra. O resultado?

O “esplendor de Roma aumentou imensuravelmente em fins dos anos 1400 e início dos 1500, e sua importância política prosperou temporariamente”, diz o livro Uma História da Civilização (em inglês). Toda essa grandeza, porém, tinha um preço, e, para mantê-la, o papado teve de encontrar novas fontes de renda. Descrevendo os vários métodos empregados, o historiador Will Durant escreveu:

“Cada delegado eclesiástico era solicitado a enviar à Cúria Papal — escritórios de administração do papado — metade da renda de seu cargo para o primeiro ano (‘anatas’), e daí em diante um décimo ou dízimo por ano. Um novo bispo tinha de pagar ao papa uma quantia importante (pelo) pálio — tira de lã branca que servia de confirmação e insígnia de sua autoridade. Na morte de um cardeal, arcebispo, bispo ou abade, suas propriedades particulares revertiam ao papado. . . . Todo julgamento ou favor conseguido da Cúria exigia um presente como confirmação, e às vezes, o julgamento era ditado pelo presente.”

As grandes somas que ano após ano afluíam aos cofres papais acabaram levando a muitos abusos e corrupção. Tem-se dito que ‘nem mesmo um papa pode tocar em piche sem sujar os dedos’, e a história da religião católica desse período teve o que certo historiador chamou de “uma sucessão de papas bem mundanos”.

Entre estes havia Sisto IV (papa de 1471-84), que gastou enormes somas para construir a Capela Sistina, que leva seu próprio nome, e para enriquecer seus muitos sobrinhos e sobrinhas: Alexandre VI (papa de 1492-1503), o infame Rodrigo Bórgia, que abertamente reconhecia a seus filhos ilegítimos e dava-lhes cargo: e Júlio II (papa de 1503-13), sobrinho de Sisto IV, que era mais propenso a guerras, política e arte do que a seus deveres eclesiásticos. Foi com plena justificação que o erudito católico holandês, Erasmo, escreveu em 1518: “A falta de vergonha da Cúria Romana atingiu o clímax”.

A corrupção e a imoralidade não se limitavam ao papado. Costumava-se dizer na época: “Se quer estragar seu filho, faça dele um sacerdote”.Registros daquele tempo confirmam isso. Segundo Durant, na Inglaterra, entre as “acusações de incontinência (sexual) registradas em 1499, . . . os faltosos clericais perfaziam uns 23 por cento do total, embora o clero fosse talvez menos de 2 por cento da população. Alguns confessores pediam favores sexuais a suas penitentes. Milhares de padres tinham concubinas: na Alemanha, quase todos.(Contraste com 1 Coríntios 6:9-11: Efésios 5:5.)

Os deslizes morais alcançaram também outras áreas. Consta que certo espanhol da época se queixou: “Vejo que dificilmente podemos obter algo dos “ministros” de Cristo sem ser por dinheiro: no batismo, dinheiro.. . no casamento, dinheiro, para confissão, dinheiro — sim, nem mesmo a extrema unção se consegue sem dinheiro! Eles não tocam os sinos sem dinheiro, não realizam funerais religiosos sem dinheiro: parece que o Paraíso está vedado aos que não têm dinheiro.” — Contraste com 1 Timóteo 6:10.

Igreja primitiva:
“Da multidão dos que criam, era um só o coração e uma só a alma, e ninguém dizia que coisa alguma das que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns. Com grande poder os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Yaohushua, e em todos eles havia abundante graça. Pois não havia entre eles necessitado algum: porque todos os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que vendiam e o depositavam aos pés dos apóstolos. E se repartia a qualquer um que tivesse necessidade”.At-4: 32-35.

Primitivos Empenhos de Reforma
A crise na Religião Católica foi notada não apenas por homens como Erasmo e Maquiavel, mas também pelos próprios participantes. Convocavam-se concílios da para considerar algumas das queixas e abusos, mas sem resultados duradouros. Os papas, refestelando-se em poder e glória pessoais, desestimulavam quaisquer empenhos reais de reforma.
E por isto, começaram-se a ouvir clamores por reforma de dentro e de fora da religião católica . Os valdenses e os albigenses, embora tivessem sido condenados como hereges e impiedosamente esmagados, eles haviam despertado no povo um descontentamento com os abusos do clero católico e suscitado o desejo de um retorno à Bíblia. Tais sentimentos encontraram expressão através de vários primitivos reformadores.

Os primeiros protestantes
Muitas vezes chamado de “estrela da manhã da Reforma”, João Wycliffe (1330? -84) era sacerdote católico e professor de teologia em Oxford, Inglaterra. Bem ciente dos abusos na falsa igreja, ele escreveu e pregou contra coisas tais como corrupção nas ordens monásticas, taxação papal, a doutrina da transubstanciação (a afirmação de que o pão e o vinho usados na Missa literalmente se transformam no corpo e no sangue de Yaohushua Cristo), a confissão, e o envolvimento da falsa igreja em assuntos temporais.
Wycliffe era especialmente franco quanto à negligência da Religião católica em ensinar a Bíblia. Disse ele certa vez: “Queira D-us que toda paróquia da ‘igreja’ neste país tenha uma boa Bíblia e boas explicações do evangelho, e que os sacerdotes os estudem bem, e que realmente ensinem o evangelho e os mandamentos do Eterno ao povo!” Com esse fim, Wycliffe, nos últimos anos de sua vida, dedicou-se à tarefa de traduzir a Bíblia Vulgata latina para o inglês. Com a ajuda de seus associados, especialmente Nicolau de Hereford, ele produziu a primeira Bíblia completa no idioma inglês. Esta foi, sem dúvida, a maior contribuição de Wycliffe à causa da busca do Eterno, por parte da humanidade.

Os escritos de Wycliffe e partes da Bíblia foram distribuídos por toda a Inglaterra por um grupo de pregadores muitas vezes chamados de “Sacerdotes Pobres” porque iam de vestes simples, descalços e sem bens materiais. Eram também desdenhosamente chamados de Lolardos, que provém da palavra do holandês médio Lollaerd, ou “aquele que murmura orações e hinos”. (Dicionário de Frases e Fábulas, de Brewer (em inglês)) “Em poucos anos, o seu número era considerável”, diz o livro The Lollards (Os Lolardos). “Calculou-se que pelo menos um quarto da nação estava real ou supostamente inclinado em favor desses sentimentos”.Tudo isso, naturalmente, não passou despercebido pela falsa igreja. Devido à sua notoriedade entre as classes dominante e erudita, permitiu-se que Wycliffe morresse em paz no último dia de 1384.

Os seus seguidores foram menos afortunados. Durante o reinado de Henrique IV, da Inglaterra, eles foram tachados de hereges e muitos deles foram presos, torturados ou queimados vivos.

Fortemente influenciado por João Wycliffe havia o boêmio (tcheco) João Huss (1369? -1415), também sacerdote católico e reitor da Universidade de Praga. Como Wycliffe, Huss pregou contra a corrupção da Religião Católica Romana e frisou a importância de ler a Bíblia. Isto prontamente trouxe sobre ele a ira da hierarquia. Em 1403, as autoridades ordenaram-lhe que parasse de pregar as idéias antipapais de Wycliffe, cujos livros também queimaram publicamente. Huss, porém, passou a escrever algumas das mais pungentes acusações contra as práticas da falsa igreja, incluindo a venda de indulgências. Ele foi condenado e excomungado em 1410.
Huss não transigia no seu apoio à Bíblia.

“Rebelar-se contra um papa faltoso é obedecer a Cristo”, escreveu. Ensinou também que a verdadeira igreja, longe de ser o papa e a instituição romana, “é o conjunto de todos os eleitos e o corpo simbólico de Cristo, cuja cabeça é Cristo: e a noiva de Cristo, a quem à base de seu grande amor ele remiu com o seu próprio sangue”. (Compare com Efésios 1:22, 23: 5:25-27.) Por tudo isso, ele foi julgado no Concílio de Constança e condenado como herege. Dizendo “ser melhor morrer bem do que viver mal”, ele recusou-se a retratar-se e foi queimado vivo na estaca, em 1415. O mesmo concílio ordenou também que os ossos de Wycliffe fossem desenterrados e queimados, embora já estivesse morto e sepultadoo mais de 30 anos!

Outro Reformador primordial foi o monge dominicano Girolamo Savonarola (1452-98) do mosteiro de São Marcos, em Florença, Itália. Embalado pelo espírito da Renascença italiana, Savonarola falou contra a corrupção tanto na falsa igreja como no Estado. Afirmando ter como base as Escrituras, bem como visões e revelações que dizia ter recebido, ele tentou fundar um estado cristão, ou ordem teocrática.

Em 1497, o papa excomungou-o. No ano seguinte, ele foi preso, torturado e enforcado. Suas últimas palavras foram: “Meu Senhor morreu pelos meus pecados: não devia eu gratamente dar esta pobre vida por ele?” Seu corpo foi queimado e as cinzas lançadas no rio Arno. Apropriadamente, Savonarola autodenominou-se “precursor e sacrifício”. Poucos anos depois, a Reforma irrompeu com plena força em toda a Europa.

Lutero reformador ou mais um falso mestre?
Quando a tormenta da Reforma finalmente irrompeu, ela destroçou a casa religiosa do cristianismo católico na Europa Ocidental. Tendo estado sob o domínio praticamente total da Religião Católica Romana, ela tornou-se então uma casa dividida. O sul da Europa — Itália, Espanha, Áustria e partes da França — permaneceu na maior parte católico. O resto acomodou-se em três principais divisões: Luterana, na Alemanha e Escandinávia: Calvinista (ou Reformada) na Suíça, Países-Baixos, Escócia e partes da França: e Anglicana na Inglaterra. Entremeados entre estas havia grupos menores, porém mais radicais primeiro os anabatistas e mais tarde os menonitas, huteritas e puritanos, que com o tempo levaram as suas crenças para a América do Norte.

No decorrer dos anos, essas principais divisões fragmentaram-se adicionalmente em centenas de denominações atuais — Presbiteriana, Episcopal, Metodista, Batista, Congregacional, apenas para mencionar algumas. O catolicismo deveras se tornou uma casa dividida. Como foi que ocorreram tais divisões?

revelação de Cristo:
“A mulher estava vestida de púrpura e de escarlata, e adornada de ouro, pedras preciosas e pérolas: e tinha na mão um cálice de ouro, cheio das abominações, e da imundícia de sua prostituição: e na sua fronte estava escrito um nome simbólico: A grande Babilônia, a mãe das prostitutas e das abominações da terra”.Ap-17: 4e5.

Lutero e Suas Teses
Se necessário fosse indicar um ponto inicial decisivo na Reforma protestante, este seria 31 de outubro de 1517, quando o monge agostiniano Martinho Lutero (1483-1546) pregou as suas 95 teses na porta da templo católico do castelo de Wittenberg, no estado alemão da Saxônia. Contudo, o que provocou esse dramático evento? Quem era Martinho Lutero? E contra o que protestou?

Como Wycliffe e Huss, antes dele, Martinho Lutero era um monge erudito. Era também doutor em teologia e professor de estudos bíblicos na Universidade de Wittenberg. Lutero ficou famoso por sua compreensão da Bíblia. Embora tivesse fortes opiniões sobre o assunto da salvação, ou justificação, por meio de fé em vez de obras ou de penitência, ele não intencionava romper com a falsa igreja de Roma. De fato, a emissão de suas teses foi sua reação a um incidente específico e não uma revolta planejada. Ele protestava contra a venda de indulgências.

Nos dias de Lutero, as indulgências papais eram publicamente vendidas não apenas em favor dos vivos mas também em favor dos mortos. “Assim que a moeda no cofre cai, a alma do Purgatório sai”, dizia um ditado popular. Para o povo, uma indulgência era quase que uma apólice de seguro contra a punição por qualquer pecado, e o arrependimento saía pela tangente. “Em toda a parte”, escreveu Erasmo, “vende-se a remissão do tormento purgatorial: não é apenas vendida, mas forçada aos que se recusam a comprá-la”.

Em 1517, João Tetzel, um frade dominicano, foi a Jüterbog, perto de Wittenberg, para vender indulgências. O dinheiro arrecadado visava em parte financiar a reconstrução da Basílica de São Pedro, em Roma. Visava também ajudar Alberto de Brandenburgo a repor o dinheiro que tomara emprestado para pagar à Cúria Romana pelo cargo de arcebispo de Mainz. Tetzel usava toda a sua perícia de vendedor, e o povo afluía a ele. Lutero indignou-se, e recorreu ao que lhe parecia ser a maneira mais rápida de expressar publicamente a sua opinião sobre esse espetáculo circense — pregar 95 pontos de discórdia na porta da templo.

Lutero chamou suas 95 teses de Disputa Para Esclarecer o Poder das Indulgências. Seu objetivo não era tanto desafiar a autoridade da Religião Católica, como apontar os excessos e abusos da venda de indulgências papais. Pode-se ver isto das seguintes teses:

“. O papa não tem a intenção nem o poder de remir qualquer penalidade, exceto as que ele impôs por sua própria autoridade”.
Por conseguinte, quando o papa fala da plena remissão de todas as penalidades, isso não significa realmente de todas, mas apenas daquelas impostas por ele mesmo. . . .
Todo cristão que sente verdadeira compunção tem direito à plena remissão da punição e da culpa, mesmo sem cartas de indulto.”
Ajudado pela então recém-inventada imprensa, essas explosivas idéias não demoraram a atingir outras partes da Alemanha — e Roma. O que começou como debate acadêmico sobre a venda de indulgências logo se transformou numa controvérsia sobre assuntos de fé e autoridade papal. De início, a Religião de Roma envolveu Lutero em debate e ordenou-lhe que se retratasse.

Quando Lutero se recusou, tanto o poder eclesiástico como os políticos foram acionados contra ele. Em 1520 o papa emitiu uma bula, ou edito, que proibia Lutero de pregar e ordenou que seus livros fossem queimados. Em desafio, Lutero queimou a bula papal em público. O papa excomungou-o em 1521

Mais tarde naquele ano, Lutero foi convocado à dieta, ou assembléia, em Worms. Foi julgado pelo imperador do Santo Império Romano, Carlos V, um católico fanático, bem como pelos seis eleitores de colegiado dos estados alemães, e por outros líderes e dignitários, religiosos e seculares. Ao ser novamente pressionado a retratar-se, Lutero fez a sua famosa declaração:

“A menos que eu me convença pelas Escrituras e pela razão evidente.. . não posso e não vou retratar-me de coisa alguma, pois ir contra a consciência não é direito nem seguro. Que D-us me ajude. Amém.” Conseqüentemente, o imperador declarou-o fora-da-lei. Contudo, o governante de seu próprio estado alemão, o eleitor Frederico de Saxônia, veio em seu auxílio e ofereceu-lhe abrigo no castelo de Wartburg.

Essas medidas, porém, não impediram a disseminação das idéias de Lutero. Por dez meses no refúgio de Wartburg, Lutero dedicou-se a produzir escritos e à tradução da Bíblia. Traduziu as Escrituras Gregas para o alemão, do texto grego de Erasmo. As Escrituras Hebraicas vieram mais tarde. A Bíblia de Lutero revelou ser justamente o que o povo necessitava. Consta que “foram vendidos cinco mil exemplares em dois meses, duzentos mil em doze anos”. Sua influência sobre o idioma e a cultura alemã é muitas vezes comparada à da Versão Rei Jaime sobre o inglês.

Nos anos que se seguiram à Dieta de Worms, o movimento da Reforma ganhou tanto apoio popular que em 1526 o imperador concedeu a cada estado alemão o direito de escolher sua forma de religião, luterana ou católica romana. Contudo, em 1529, quando o imperador reverteu a decisão, alguns dos príncipes alemães protestaram: assim, cunhou-se o nome protestante para o movimento da Reforma. No ano seguinte, 1530, na Dieta de Augsburgo, o imperador empenhou-se em sanar as diferenças entre as duas partes.

. Os luteranos apresentaram suas crenças num documento, a Confissão de Augsburgo, produzido por Philipp Melanchthon, mas à base dos ensinos de Lutero. Embora o documento tivesse um tom mui conciliatório, a Religião Romana rejeitou-o, e a brecha entre o protestantismo e o catolicismo tornou-se intransponível. Muitos estados alemães aliaram-se a Lutero e os estados escandinavos logo seguiram os seus exemplos.

Reforma ou Revolta?
Quais eram os pontos fundamentais que dividiam os protestantes dos católicos romanos? Segundo Lutero, havia três. Primeiro Lutero cria que a salvação resulta da “justificação apenas através da fé” (latim, sola fide) e não da absolvição sacerdotal ou de obras de penitência. Segundo, ele ensinava que o perdão é concedido apenas devido à graça do Eterno (sola gratia) e não pela autoridade de sacerdotes ou papas. Por fim, Lutero sustentava que todos os assuntos doutrinais deviam ser confirmados pelas Escrituras apenas (sola scriptura) e não por papas ou concílio.

Apesar disso, diz The Catholic Encyclopedia, Lutero “reteve das antigas crenças e liturgia tudo aquilo que era possível ajustar a seus conceitos peculiares sobre o pecado e a justificação”. Sobre a fé luterana, a Confissão de Augsburgo diz que “nada existe que seja discordante das Escrituras, ou da Religião Católica, ou mesmo da “Igreja” Romana, conforme essa falsa igreja é conhecida à base de escritores”. De fato, a fé luterana, conforme delineada na Confissão de Augsburgo, incluía doutrinas antibíblicas como a Trindade, o descanso dominical a alma imortal e o tormento eterno, bem como práticas tais como o batismo de bebês e feriados e festas religiosas.

A Reforma de Zwingli na Suíça
Enquanto Lutero se mantinha ocupado batalhando contra os emissários papais e as autoridades civis na Alemanha, o sacerdote católico Ulrich Zwingli (1484-1531) iniciou seu movimento de reforma em Zurique, Suíça. Sendo esta uma região de língua alemã, o povo já estava influenciado pela maré de reformas vinda do norte. Por volta de 1519, Zwingli começou a pregar contra as indulgências, a mariolatria, o celibato clerical e outras doutrinas católica. Embora Zwingli afirmasse ser independente de Lutero, ele concordava com Lutero em muitos aspectos e distribuía os panfletos de Lutero por todo o país. Em contraste com o mais conservador Lutero, porém, Zwingli defendia a remoção de todos os vestígios da Católica Romana — imagens, crucifixos, batina, e até mesmo música litúrgica.

No entanto, uma controvérsia mais séria entre os dois Reformadores dizia respeito à Eucaristia, ou Missa (Comunhão). Lutero, insistindo numa interpretação literal das palavras de Yeshua: ‘Este é meu corpo’, cria que o corpo e o sangue de Cristo estavam milagrosamente presentes no pão e no vinho servidos na Comunhão. Zwingli, por outro lado, argumentava, em seu tratado On the Lord’s Supper (Sobre a Ceia do Senhor) que a declaração de Yeshua “deve ser tomada ilustrativa ou metaforicamente: ‘isto é meu corpo’, quer dizer ‘o pão significa meu corpo’, ou ‘é uma representação do meu corpo’”. Por causa dessa diferença, os dois Reformadores se apartaram.

Zwingli continuou a pregar as suas doutrinas de reforma em Zurique e fez muitas mudanças ali. Outras cidades logo seguiram seu exemplo, mas a maioria das pessoas nas áreas rurais, mais conservadoras, apegaram-se ao catolicismo. O conflito entre as duas facções tornou-se tão grande que irrompeu uma guerra civil entre suíços protestantes e católicos romanos. Zwingli, servindo como capelão de exército, foi morto na batalha de Kappel, perto do lago Zug, em 1531. Quando finalmente veio a paz, concedeu-se a cada distrito o direito de decidir sua própria forma de religião, protestante ou católica.

A verdadeira religião:
“Se alguém cuida ser religioso e não refreia a sua língua, mas engana o seu coração, a sua religião é vã. A religião pura e imaculada diante de nosso D-us e Pai é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se isento da corrupção do mundo Tg-1: 26-27

Anabatistas, Menonitas e Huteritas
Alguns protestantes, porém, achavam que os Reformadores não foram suficientemente longe em renunciar às falhas da Religião Católica papista. Criam que a igreja cristã devia compor-se apenas dos fiéis praticantes que se tornavam batizados, em vez de todo o povo numa comunidade ou nação. Assim, eles rejeitavam o batismo de bebês e insistiam na separação entre a falsa igreja e Estado.

Secretamente rebatizavam seus concrentes e, por isso, ganharam o nome de anabatistas (ana significa “de novo” em grego). Visto que se recusavam a portar armas, fazer juramentos ou aceitar cargos públicos, eles eram encarados como ameaça à sociedade e eram perseguidos tanto por católicos como por protestantes.
De início, os anabatistas viviam em pequenos grupos espalhados por partes da Suíça, Alemanha e Países-Baixos. Sendo que pregavam suas crenças onde quer que fossem, suas fileiras aumentavam rapidamente. Um grupo de anabatistas, levados por seu fervor religioso, abandonou seu pacifismo e capturou a cidade de Münster, em 1534, e tentou estabelecê-la como comunal e polígama Nova Jerusalém.

O movimento foi logo derrubado, com grande violência. Isto estragou a reputação dos anabatistas e eles foram praticamente eliminados. Na verdade, a maioria dos anabatistas eram pessoas religiosas simples que tentavam levar uma vida separada e tranqüila. Entre os mais bem organizados originários dos anabatistas havia os menonitas, seguidores do Reformador holandês Menno Simons, e os huteritas, liderados pelo tirolês Jacob Hutter. Para fugir da perseguição, alguns deles migraram para a Europa Oriental — Polônia, Hungria e até mesmo Rússia — outros para a América do Norte, onde por fim surgiram como comunidades huterita e amish.

A obra de reforma na Suíça prosseguiu sob a liderança de um francês chamado Jean Chauvin, ou João Calvino (1509-64), que entrou em contato com ensinamentos protestantes durante seus dias de estudo na França. Em 1534, Calvino deixou Paris por causa de perseguição religiosa e fixou-se em Basiléia, na Suíça. Em defesa dos protestantes, publicou Institutes of the Christian Religion (Preceitos da Religião Cristã), em que resumiu os conceitos dos primitivos pais da igreja e de teólogos medievais, bem como os de Lutero e Zwingli. Esse trabalho veio a ser considerado como fundamento doutrinal para todas as seitas protestantes fundadas mais tarde na Europa e nos Estados Unidos.

Surge o Calvinismo
A obra de reforma na Suíça prosseguiu sob a liderança de um francês chamado Jean Chauvin, ou João Calvino (1509-64), que entrou em contato com ensinamentos protestantes durante seus dias de estudo na França. Em 1534, Calvino deixou Paris por causa de perseguição religiosa e fixou-se em Basiléia, na Suíça. Em defesa dos protestantes, publicou Institutes of the Christian Religion (Preceitos da Religião Cristã), em que resumiu os conceitos dos primitivos pais da igreja e de teólogos medievais, bem como os de Lutero e Zwingli. Esse trabalho veio a ser considerado como fundamento doutrinal para todas as seitas protestantes fundadas mais tarde na Europa e nos Estados Unidos.

Em Preceitos, ele apresentou a sua teologia. Para Calvino, D-us é o soberano absoluto, cuja vontade determina e governa tudo. Em contraste, o homem decaído é pecaminoso e totalmente imerecedor. A salvação, portanto, não depende das boas obras do homem, mas do Eterno — resultando disso a doutrina da predestinação, de Calvino, sobre a qual ele escreveu:“Afirmamos que, por um eterno e imutável desígnio, D-us determinou de uma vez por todas, tanto a quem Ele concederá a salvação, como a quem Ele condenará à destruição. Afirmamos que este desígnio, no que tange aos eleitos, é fundado em Sua gratuita misericórdia, totalmente independente de mérito humano: mas que àqueles a quem Ele entrega à condenação, o portão da vida é fechado por um julgamento justo e irrepreensível, porém incompreensível.”

A austeridade de tal ensino reflete-se também em outras áreas. Calvino insistia que os cristãos devem levar uma vida santa e virtuosa, abstendo-se não somente do pecado, mas também do prazer e da frivolidade. Ademais, ele argumentava que a igreja, composta dos eleitos, deve ser poupada de todas as restrições civis e que apenas através da Religião é possível estabelecer uma sociedade realmente piedosa.

Pouco depois de publicar Preceitos, Calvino foi persuadido por William Farel, outro Reformador francês, a radicar-se em Genebra. Trabalharam juntos para pôr o calvinismo em prática. Seu objetivo era transformar Genebra numa cidade do Eterno, uma teocracia de governo divino combinando as funções de Religião e do Estado.

Instituíram regulamentos estritos, com sanções, que abrangiam tudo, desde instrução religiosa e serviços eclesiásticos à moral pública e até mesmo assuntos tais como saneamento e prevenção de incêndio. Certo livro de história conta que “certa cabeleireira, por exemplo, por arrumar o cabelo de uma noiva duma maneira considerada indecorosa, foi encarcerada por dois dias: e a mãe, junto com duas amigas, que haviam ajudado no processo, sofreram a mesma penalidade. Dançar e jogar baralho também eram punidos pelo magistrado”. Dispensava-se um tratamento duro aos que divergiam de Calvino em teologia, o caso mais famoso sendo a queima do espanhol Miguel Servet.

Calvino continuou a aplicar o seu tipo de reforma em Genebra até a sua morte, em 1564, e a falsa igreja Reformada ficou firmemente estabelecida. Reformadores protestantes, fugindo da perseguição em outras terras, afluíram a Genebra, assimilaram os conceitos calvinistas e serviram de instrumentos em iniciar movimentos de reforma em seus respectivos países de origem. O calvinismo logo chegou à França, onde os huguenotes (como eram chamados os protestantes calvinistas franceses) sofreram severa perseguição às mãos dos católicos. Nos Países-Baixos, os calvinistas ajudaram a estabelecer a falsa igreja Holandesa Reformada. Na Escócia, sob a zelosa liderança do ex-sacerdote católico João Knox, a falsa igreja Presbiteriana da Escócia foi estabelecida segundo a linha calvinista. O calvinismo desempenhou um papel também na Reforma na Inglaterra, e de lá seguiu com os puritanos para a América do Norte. Neste sentido, embora Lutero tivesse acionado a Reforma protestante, Calvino teve em muito a maior influência no seu desenvolvimento.

Quem são os filhos do Eterno?

“Nisto são manifestos os filhos do Eterno, e os filhos do Diabo: quem não pratica a justiça não é do Eterno, nem o que não ama a seu irmão. Porque esta é a mensagem que ouvistes desde o princípio, que nos amemos uns aos outros, não como Caim, que era do Maligno, e matou a seu irmão. E por que o matou? Porque as suas obras eram más e as de seu irmão justas”. 1Jo-3: 10-12

Reforma na Inglaterra
Bastante distante dos movimentos de reforma na Alemanha e na Suíça, a Reforma inglesa pode remontar suas raízes aos dias de João Wycliffe, cuja pregação anticlerical e ênfase na Bíblia gerou o espírito protestante na Inglaterra. Seu empenho em traduzir a Bíblia para o inglês foi seguido por outros. William Tyndale, que teve de fugir da Inglaterra, produziu seu Novo Testamento em 1526. Mais tarde foi traído na Antuérpia e estrangulado na estaca, e seu corpo foi queimado. Miles Coverdale terminou a obra de tradução de Tyndale, e a Bíblia completa surgiu em 1535. A publicação da Bíblia na língua do povo foi sem dúvida o mais poderoso fator que contribuiu para a Reforma na Inglaterra.

A ruptura formal com o catolicismo romano ocorreu quando Henrique VIII (1491-1547), chamado de Defensor da Fé pelo papa, proclamou o Ato de Supremacia, em 1534, nomeando a si mesmo chefe da falsa igreja da Inglaterra, ou “Igreja” Anglicana. Henrique também fechou os mosteiros e dividiu os bens destes entre a pequena nobreza. Além disso, ordenou que se colocasse um exemplar da Bíblia em inglês em todas as falsas igrejas. Contudo, a ação de Henrique era mais política do que religiosa. O que ele queria era independência da autoridade papal, especialmente sobre seus assuntos conjugais. No aspecto religioso, ele continuou católico em todos os sentidos, menos no nome.

Foi durante o longo reinado (1558-1603) de Elizabete I que a Igreja da Inglaterra tornou-se protestante na prática, embora permanecesse largamente católica na estrutura. Aboliu o dever de obediência ao papa, o celibato clerical, a confissão e outras práticas católicas, não obstante, reteve uma forma episcopal de estrutura eclesiástica em sua hierarquia de arcebispos e bispos, bem como ordens de monges e freiras.

Este conservadorismo causou considerável descontentamento, e surgiram vários grupos dissidentes. Os puritanos exigiam uma reforma mais cabal para purificar a igreja de todas as práticas católico romanas: os separatistas e os independentes insistiam que os assuntos da igreja deviam ser cuidados por anciãos locais (presbíteros).

Muitos dissidentes fugiram para os Países-Baixos ou para a América do Norte, onde fundaram adicionalmente suas igrejas Congregacional e Batista. Também surgiu na Inglaterra a Sociedade de Amigos (Quakers) sob George Fox (1624-91) e os Metodistas sob João Wesley (1703-91).

A morte eterna:
“Ora, as obras da carne são manifestas, as quais são: a prostituição, a impureza, a lascívia, a idolatria, a feitiçaria, as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras, as facções, as dissensões, os partidos, as invejas, as bebedices, as orgias, e coisas semelhantes a estas, contra as quais vos previno, como já antes vos preveni, que os que tais coisas praticam não herdarão o reino do Eterno”.Gl-5: 19-21

Quais Foram os Efeitos da Reforma?
Tendo considerado as três principais correntes da Reforma — Luterana, Calvinista e Anglicana — temos de parar para avaliar o que a Reforma realizou. Inegavelmente, ela mudou o rumo da história no mundo ocidental. “O efeito da Reforma foi aferventar no povo uma sede de liberdade e de cidadania mais elevada e mais pura. Onde quer que a causa protestante se expandisse, ela tornava as massas mais cônscias de seus direitos”, escreveu John F. Hurst em seu livro Short History of the Reformation (Breve História da Reforma). Muitos estudiosos crêem que a civilização ocidental como hoje a conhecemos teria sido impossível sem a Reforma. Seja como for, temos de perguntar: O que a Reforma realizou em sentido religioso?

O maior bem realizado pela Reforma foi, sem dúvida, que ela colocou a Bíblia ao alcance do povo na sua própria língua. Pela primeira vez, as pessoas tinham diante de si a inteira Palavra do Eterno para ler, podendo assim ser nutridas espiritualmente. Mas, naturalmente, exige-se mais do que apenas ler a Bíblia. Será que a Reforma libertou o povo, não só da autoridade papal, mas também das doutrinas e dogmas errôneos aos quais estivera sujeito por séculos? — João 8:32.

Praticamente todas as seitas protestantes endossam os mesmos credos — os credos de Nicéia e Atanasiano — e esses professam algumas das mesmíssimas doutrinas que o catolicismo tem ensinado por séculos, como a Trindade, o descanso dominical a casa do Eterno ser um lugar a imortalidade da alma e o inferno de fogo. Tais ensinos antibíblicos deram ao povo um quadro distorcido a respeito do Eterno e Seu propósito. Em vez de ajudar as pessoas na sua busca do D-us verdadeiro, as numerosas seitas e denominações que surgiram em resultado do livre espírito da Reforma protestante apenas as dirigiram a muitas diferentes direções. De fato, a diversidade e a confusão levaram muitos a questionar a própria existência do Eterno. O resultado? No século 19 surgiu uma crescente onda de ateísmo e agnosticismo.

Nota: Martinho Lutero casou-se em 1525 com Catarina von Bora, uma ex-freira que se evadira de um convento cisterciense. Tiveram seis filhos. Ele declarou que se casara por três razões: para agradar a seu pai, por despeito contra o papa e o Diabo e para selar seu testemunho antes do martírio.

sábado, 11 de junho de 2011

Yetzer hará, a nossa inclinação para o mau

yetzer hará: nosso grande satan [adversário]
por: Hoshéa
Adão e Eva
Para quem não tem conhecimento, a expressão "yetzer hará" foi uma expressão retirada da bíblia hebraica (em hebraico: יֵצֶר לֵב הָאָדָם רַע, yetzer lev-ha-adam ra), que ocorre duas vezes na Bíblia Hebraica, em Gênesis 6:5 e 8:21.   
O Eterno viu que a maldade do homem era grande sobre a terra, e que a imaginação do coração do homem é o mal. (Gn 6:5) 

O Eterno respirou o agradável odor e disse consigo: "Eu nunca mais amaldiçoarei a terra por causa do homem, porque a imaginação do coração do homem é o mal desde a sua infância". (Gn 8:21) 

A yetzer hará é traduzida como má inclinação. É uma tendência instintiva que impele o indivíduo a realizar determinados atos que se manifesta ao homem em forma de paixões e desejos inadequados. Seu objetivo é tentar nos impedir de fazer o bem, esta é a sua função para a qual Deus a criou, é isto que nos garante o livre arbítrio, Desse modo, a nossa escolha pelo bem tem que ser sempre voluntária. Cada um de nós luta diariamente contra seu mau instinto. 
 
Em decorrência do impulso pelo mal somos recompensados por D'us pelo empenho em resistir às tentações que o Mal coloca em nossa estrada.  
 
Nosso homem mais exterior é animal, e a serpente astuciosa representa a imaginação egoísta de nosso coração, nossos desejos mais instintivos, nossos desejos mais egoístas e animalescos. O nossa natureza animal que é nossa natureza exterior [a carne] está mais inclinado aos instintos, e é nessa parte que tendemos ao mal. A yetzer hará é concebida como a natureza egoísta, o desejo de satisfazer as necessidades pessoais (alimentação, moradia, sexo, etc) sem levar em conta as conseqüências morais de satisfazer os desejos.

Contrapondo-se a yetzer hara [má inclinação] temos a yetzer hatov [boa inclinação]. 
A yetzer hatov é a consciência moral, a voz interior que faz você lembrar da lei de D'us quando você pensa em fazer algo que é errado e proibido. 
 
Estas duas inclinações funcionam como se fossem dois conselheiros dentro do ser humano. Cada inclinação é simplesmente "um conselheiro que expressa sua opinião com relação ao ato que será decidido pela nossa consciência, nosso eu que toma as decisões".  
 
Segundo esta analogia, podemos entender que as ações de uma pessoa não dependem diretamente de suas inclinações, pois elas não podem forçar suas opiniões sobre ele. Podem apenas mostrar-lhe seus respectivos pontos de vista.  
 
Devemos ter portanto um controle sobre nossa natureza animal, para que a nossa má inclinação não nos leve desordenadamente para onde não queremos nem pudemos. O Talmud, um dos grandes livros da sabedoria judaica, faz uma analogia interessante sobre esta questão: o corpo é o cavalo e o espírito [consciência] é o cavaleiro. É melhor que o cavaleiro esteja sobre o cavalo e não o contrário. O grande objetivo é controlarmos tudo que está ligado ao nosso lado animal para que nossa consciência [espírito] possa se (re)posicionar sobre o cavalo. 
 
Aprenda a dominar seu cavalo. E você verá como é bom ter as rédeas da vida nas mãos. Você estará em uma posição de ver e compreender os obstáculos, por mais difíceis que sejam, de uma forma muito diferente do que se estivesse embaixo dele ou, em muitos casos, como se fosse o próprio cavalo.

A "yetzer hará" se refere as NOSSAS idéias que são estranhas ao nosso próprio objetivo ético e moral; ao desejo de cometer ações contrárias à Lei divina, e às justificativas mentais que são geradas POR NÓS enquanto decidimos sobre fazer ou não fazer aquilo que ferirá os princípios da Lei de D´us que decidimos observar. Resumindo é a uma inclinação para fazer o mal por violar a vontade divina. 
 
A “tentação” existe dentro nós, por intermédio dos dois instintos que D’us mesmo criou no homem, tanto o inclinando ao bem como ao mal. O mais importante, é que somente esta habilidade de escolha absoluta torna possível que façamos o bem e o mal, com total e absoluta decisão pessoal. 
 
O Talmud observa que sem o yetzer hará (o desejo de satisfazer as necessidades pessoais), o homem não iria construir uma casa, casar com uma mulher, ter filhos ou tratar de negócios. Mas o yetzer hará pode levar a injustiças, quando não é controlada pelo yetzer hatov. Não há nada de intrinsecamente errado com o desejo de satisfazer a fome, mas esta vontade pode levá-lo a roubar comida. Não há nada de intrinsecamente errado com o desejo sexual, mas pode levá-lo a cometer o estupro, adultério, incesto ou perversão sexual de outros. 
 
O yetzer hará é geralmente visto como algo interno a uma pessoa, não como uma força externa agindo sobre uma pessoa. veja este exemplo bíblico: 
 
"Ninguém, sendo tentado, diga: Sou tentado por Elohim; porque Elohim não pode ser tentado pelo mal e ele a ninguém tenta. Cada um, porém, é tentado, quando atraído e arrastado pela sua própria cobiça [desejos do coração]; então a cobiça, havendo concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte". (Tg 1:13-15)

A essência do yetzer hará é o “fervor do sangue”. E a arma do yetzer hará é a imaginação, o devaneio.  
A má inclinação personificada como um animal a nossa espreita, esperando a ocasião de dar o seu bote: 
 
E o Eterno disse a Caim: "Por que estás enfurecido e anda de cabeça baixa? Se estivesses bem disposto, andaria com a cabeça erguida; mas, se não ages bem, o pecado está junto a porta, como animal acuado que te espreita. Por acaso, será que podes dominá-lo?" (Gn 4:6-7) 
 
A brit chadasha [Novo Testamento] chama a má inclinação de "os desejos da carne". Nossos desejos carnais clamam dia e noite por satisfação. Os desejos que militam em nossa carne são ao mesmo tempo, suscetíveis de ser estimulados e também, reprimidos; podem ser alimentados, como também, sufocados. Shaul haShaliach [o apóstolo Paulo] também ensina que os desejos da carne, suas inclinações e as tentações que sofremos, podem ficar debaixo de nosso controle, caso contrário nos tornamos escravos dos mesmos. 
 
"Verifico, pois, esta lei: quando quero fazer o bem, é o mal que se me apresenta. No meu íntimo, eu tenho prazer na Torá de Elohim; mas percebo em meus membros outra lei [yetzer hará] que luta contra a lei da minha razão e que me torna escravo da lei do pecado [inclinação para fazer o mal] que está nos meus membros" (Rm 7:21-23) 
 
A yezer hará é personificada como um maláh [anjo], pois ela se apresenta trazendo sempre uma mensagem que nos incita a praticar o que é errado. Mas ela é um anjo apenas sob a forma de personificação, pois na verdade ela é a voz interior do próprio ego humano, é uma força, uma inclinação interna. 


A yetzer hará é o maior satan do ser humano
A palavra hebraica שטן “Satan” significa literalmente “Inibidor/ Evitador/ Impossibilitador”. Inibir quer dizer, tentar impedir alguém de realizar algo. E é exatamente este o papel da yetzer hará [má inclinação]; ou seja nos inibir, nos servir de obstáculo na vida, devemos enfrentá-la para que a gente atinja a auto-superação, e assim a gente progrida espíritualmente.  
 
A yetzer hará nosso inibidor, nosso satan é o responsável por tornar as coisas difíceis, por desafiar e assim colaborar para que tenhamos a chance de vencer a nós mesmos; para passarmos no teste, pois devemos negarmos a nós mesmos se quisermos tornar-mos verdadeiros vencedores.  
 
Portanto, para nos induzir a escolher o bem o Eterno nos oferece o bem no mundo vindouro, e para que mereçamos isso, é preciso que algo nos iniba, é necessário que algo nos tente impedir para que nós o superemos. Nosso grande satan, portanto é nossa inclinação ao mal (yetzer hará).  
 
As Escrituras Hebraicas deixam bem claro, que o Altíssimo colocou no mundo, tanto o bem como o mal como está Escrito: Deuteronômio 30:15, Vê que pus diante de ti hoje a vida e o bem, a morte; e o mal. Em Isaías 45:7, o profeta descreve o plano da criação de D´us expressando que, Eu formo a luz e crio a escuridão; Eu faço a paz e Sou Eu quem cria o mal; EU SOU o ETERNO que tudo faz.

...Pois é do interior, do coração dos homens, que procedem os maus pensamentos, as prostituições, os furtos, os homicídios, os adultérios,... (Marcos 7:21) 
 
Yeshua nos ensina a dominar o que nasce do coração humano, a vencer as paixões, e inclinações carnais.

Antiga serpente: arquétipo da imaginação do homem
A antiga serpente astuciosa é o símbolo da tentação que acontece dentro do coração do homem, embora dado o estilo simbolizante da narração, foi exteriorizada. O narrador atribui à serpente a função de tentadora, devido à proverbial astúcia deste animal. A serpente é desse modo a personificação da imaginação do coração do homem. 
 
A serpente mora dentro de nós como um arquétipo de inteligência e astúcia e acompanha a humanidade desde os primórdios, corresponde às paixões mais instintivas, e é resultado da imaginação, representa aquela voz interior correspondente ao ego, a voz do desejo expressada em pensamentos egoístas, que visa unicamente satisfazer a vontade da natureza anima [carnal]. 
 
A figura da serpente habita o imaginário popular. Deixou de ser apenas um réptil asqueroso e rastejante para tornar-se num poderoso arquétipo. A palavra 'arquétipo' (grego archétypon) pode ser traduzida por "modelo", "padrão", ou "tipo primitivo". De acordo com Carl Jung, pai da Psicologia Analítica, os arquétipos "são as partes herdadas da psiquê", padrões de estruturação do que Jung denominou de inconsciente coletivo. Assim como temos uma herança biológica, também teríamos uma herança psíquica. Estruturas com as quais já nascemos. Cada nova geração assenta num novo tijolo neste muro psíquico. 
 
No relato da tentação do jardim Eva foi seduzida pelo apetite, pela cobiça e pela vontade de aventurar-se no desconhecido. Em resumo, ela foi dominada pela mais poderosa força existente em nós: o desejo. O desejo é a nossa força motriz, é aquilo que nos impele em todos os sentidos; é como se fosse o vento para um barco à vela, ou o combustível para a máquina. Não “funcionamos” sem o desejo.

A serpente que tentou a Eva no jardim do Edén não passa de representação, personificação ou símbolo do próprio desejo egoísta de seu coração, Eva teve um dialogo com sua própria voz interior, sua imaginação, a voz de seu desejo egoísta, a cobiça partiu da própria Eva. 
 
Este relato é alegórico: 
 
A serpente [imaginação] era o mais astuto [sagaz] dentre todos os animais do campo que Iahweh Elohim havia feito. Ela disse para a mulher: "É verdade que Elohim disse que vocês não devem comer de nenhuma árvore do jardim?" (Gn 3:1) 
 
Portanto a imaginação foi uma criação do próprio D'us, e realmente a imaginação do homem é a coisa mais astuta que existe. 
 
Vocabulário: 
personificação: Figura de estilo que consiste na atribuição de sentimentos, psicologia e comportamento humanos a seres inanimados e a animais. 
Astúcia: Habilidade maliciosa em conceber e realizar estratégia para se obter o que se deseja. O mesmo que sagacidade. 
Sagacidade: inteligência, percepção e compreensão muito aguçada. 

Em hebraico temos uma observação importante: 
 
NAHASH = SERPENTE 
NAHESH = Maledicência inventada, uma coisa criada pela cabeça humana para justificar uma vontade, a própria imaginação.Duas palavras bastante parecidas em hebraico não acham? Apesar do som ser igual elas tem significados diferentes. 
 
A serpente tanto quanto a imagem de fruto proibido são claramente figuras, pois serpentes não falam, não andam e tão pouco são inteligentes ou tão astutas assim, tanto quanto não existe no mundo uma fruta literal que der ao homem o conhecimento do bem e do mal.  
 
Serpente não pensa e nem tem imaginação....só uma criatura pensa, e esta é o ser humano, e foi essa a criatura que Deus criou e que era a mais astuta de todas.

O que então seriam os juízos de Deus contra a Serpente?    
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Então Iahweh Elohim disse para a serpente: "Por ter feito isso, você é maldita entre todos os animais domésticos e entre todas as feras. Você se arrastará sobre o ventre e comerá pó todos os dias de sua vida. Eu porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a semente dela. Estes vão lhe esmagar a cabeça, e tu ferirás o calcanhar deles". (Gn 3:14-15)    
    
Na interpretação literal da alegoria quem sofre a punição é o animal chamado "a serpente", esta é a interpretação do sentido literal, mas no sentido que está oculto, não é o animal que deve ser subjugado e sim aquilo que ela representa [os desejos do coração que nos arrastam ao pecado].    
    
A semente da mulher representa aqueles que subordinariam a 'serpente' (o desejo ou inclinação para o mal, yetzer hará), esmagando-lhe a cabeça; naturalmente eles não sairiam incólumes desse processo mas com o 'calcanhar' ferido. Ou seja, sofreriam dano menor.    
    
A Serpente, Adão e Eva. Cada um representa uma coisa.    
    
Exemplo:    
    
*O Homem representa a RACIONAL.    
*A Mulher representa o EMOCIONAL.    
*A Serpente representa o DESEJO OU IMAGINAÇÃO.    
    
As Escrituras classsifica como “ímpio” ou pecador todo aquele que cede aos seus desejos e paixões, nunca direcionando-os da forma correta para o alvo determinado por Deus.    
    
Sendo assim, a serpente é um símbolo mais do que apropriado para nossas paixões, vontades e desejos. No Éden, a mulher ouve a voz da “serpente” e cede à mesma.  

Razão e Emoção fazem parte de nosso ser, e a parte que cede ao desejo e às paixões é certamente a emoção, e Eva é um símbolo mais que adequado ao nosso eu emocional, por ter ela cedido aos apelos da “serpente”.   
   
Depois Adão “ouve a voz de Deus” no jardim, e se esconde. Ao ser interrogado por Deus, Adão responde (no singular): “Tive medo “Tive medo porque estava nu e me escondi”. Somente o nosso eu racional pode “ouvir a voz de Deus” e dar-se conta do estado em que nos encontramos; logo, Adão é o modelo perfeito da consciência, do racional. 
 
A pena aplicada à “serpente” é rastejar e comer pó. A mulher por sua vez, deve ter sua vontade sujeita a Adão [Gênesis 3:14 e 16]. 
 
Se atentarmos para esses dois casos, notaremos que ambas as penalidades são idênticas, são na verdade uma só. Nossos desejos [a “serpente”] devem estar um nível abaixo de nós [“rastejar”], e nossa emoção [“Eva”] dever ser subjugada, dominada pela razão [“Adão”].  
 
Deus afirma que colocaria inimizade entre a semente da “serpente” e aquela da “mulher”, o que significa o contraste entre os desejos e as emoções e a luta que todos teríamos no futuro para subjugar nossas paixões quando as mesmas apelam não para o nosso aspecto racional, mas sim, para a parte mais frágil de nosso ser – o nosso eu emocional.  
 
A semente da mulher feriria a serpente na cabeça (i.e., obteria sucesso na tentativa de subjugar seus desejos) mas não sairia totalmente incólume nesse novo mundo ainda não desbravado do pós-árvore do conhecimento, pois sairia ferida no calcanhar, uma alusão aos revéses que sofreríamos aqui nessa nova realidade.  
 
As Escrituras está repleta de exemplos de pessoas que obtiveram sucesso nessa empreitada espiritual, mas que vez ou outra, acabaram sendo feridas no calcanhar pela serpente (Abraão, Davi, Ezequias etc).

mais:

Porque Deus não destruiu satanás



Lucifer e a estrela da manhã


Shalom!
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