terça-feira, 26 de abril de 2011

A Origem do Nome de Yeshua

A origem do nome do Maschiach remonta há mais de 3 000 anos quando Moshe Rabeinú (Moisés Nosso Professor) mudou o nome do efraymita que seria seu sucessor, de Hoshea para Yehoshua que significa Ya (D-us) Salva (Bamidbar/Números 14:6). Este nome (Yeshoshua) é grafado na Torah com duas formas distintas, uma com yud-hei-vav-shim-ayn em Bamidbar 13:16 e outra com yud-hei-vav-shim-vav-ayn em Devarim/Deuteronômio 3:21.

Esse dado é importante por que existem diversos nomes próprios cuja grafia pode variar como se pode ver nos casos de Yosep-Yehosep, Yoshapat-Yehoshapat, Eliah-Eliahú e inclusive no próprio nome do Eterno que tanto figura como D'us como simplesmente Yah. A análise do Tanach (Bíblia Hebraica) nos permite afirmar que esse fato se repete em relação ao nome de Yehoshua que não apenas pode variar de grafia sem variar a fonética como já foi mencionado acima como também pode inclusive variar gráfica e foneticamente evoluindo de uma palavra composta Yehoshua para uma palavra simples (Salvação).

Note-se que a palavra Yehoshua combina o nome de D-us com a Salvação. Já a palavra Yeshua fala apenas de salvação, contudo, a presença do yud inicial permite supor que o nome do Criador, Bendito seja Ele, se encontra sinteticamente na palavra Yeshua. Essa palavra deriva sua raiz do termo Yashá, que significa ser salvo, ser liberto; hifil: salvar, livrar, conceder vitória, ajudar; ser (estar) seguro; vingar-se, preservar.
Mas como se pode provar que Yeshua e é uma variável de Yehoshua, tanto como Yosep (Bereishit/Gênesis 50:1) é uma variável de Yehosep (Tehilim/Salmos 82:6)? Pela própria Tanach onde o nome do Cohem Há Gadol, Sumo Sacerdote da época da reconstrução do Templo é chamado de Yehoshua Ben Yhotzadach (Hagay/Ageu 1:2,12) e Yeshua Bem Yotzdach (Ezra/Esdras 3:2,8; 5:2; 10:18 e Nehemia 12:26).

Assim, não há dúvida de que a Bíblia hebraica configura o nome de Yeshua como equivalente ao nome Yehoshua, isso é notável no período pós-exílico onde Yeshua é mencionado como o nono do turno dos Cohamim ou Sacerdotes. (1 Crônicas 24:11, II Crônicas 31:15) Aliás é devido a isso que alguns objetam ao uso da palavra Yeshua dizendo que é de origem aramaica, aprendida no exílio e portanto impura. Tal afirmação, no entanto, resulta de um desconhecimento que não leva em conta a cultura ou história do judaísmo que jamais considerou o aramaico como língua impura.

O Talmud (Sanhedrim 38b) afirma que o aramaico era a língua falada por Adan (Adão). Numerosos rabinos empregaram o aramaico como língua coloquial e inclusive como instrumento de transmissão de seus targumim (comentários). Por esse motivo o Talmud foi escrito em aramaico e transliterado para o hebraico. Além disso, a Zohar e outros tratados sobre Cabalah também foram escritos nessa língua, que é considerada quase tão sagrada como o hebraico. Essa posição da tradição se ampara na própria Escritura, pois Ezra (Esdras) introduziu o aramaico na escrita da Bíblia, a língua está presente em grande parte de Ezra e Daniel e também e Yermahu (Jeremias).
YESHUA

Mas por que o Messias deve ser chamado de Yeshua? A razão é dada na ordem do anjo: “Et shemo Yeshua ki hú Yoshya et amo.” (Ele será chamado Yeshua por que salvará seu povo). Portanto o nome do Messias está ligado à sua função como o próprio yishyi ou seja, o salvador.Yeshua não é D-ús salvando através do homem, mas a própria salvação. Uma vez que desde a Tanach a palavra Salvação está configurada como Yeshua, e é assim que nosso Messias é identificado é também assim que devemos tratá-lo.

Quanto à variáveis possíveis da palavra Salvação em hebraico devemos estar abertos ao diálogo, mas considerando sempre que o hebraico foi conservado pelo povo judeu ao longo dos séculos e que não podemos nem devemos nos dar ao luxo de querer ensiná-los a pronunciar as palavras próprias de sua liturgia e adoração. Assim, o povo hebreu e o Tanach configuram dois nomes próprios para transmitir o sentido da missão do Messias. Yehoshua na forma plena, que significa Ya Salva e Yeshua na forma contraída que significa Salvação. Essa última palavra é adotada nos manuscritos aramaicos dos Ketuvim Netzarim (NT).
Trata-se de uma palavra com sentido espiritual evidente, já que Yeshua é a própria Salvação. Além disso oculta uma mensagem de grande importância. Somando o valor numérico das letras yud-shim-vav-aym (10+300+6+70) que formam a palavra Yeshua e aplicando o método Mispar Echirachi (valor normal) chegamos ao número 386, agora procedemos a extrair o Mispar Katan (menor número) somando o resultado (3+8+6) e chegamos ao número 17 e finalmente ao número 8 (1+7).
Ora esse é um número de grande importância no judaísmo, pois identifica a aliança, já que é no oitavo dia que os meninos judeus (incluindo o próprio Yeshua) são circuncidados. O número 8 identifica a ação soberana de Deus na vida do homem chamando-o à teshuvah (retorno) é o mensageiro da aliança de D-us com Israel. Junta-se a isso que no capítulo do Talmud dedicado a criticar o Bem Yosep, Yeshua passa a ser chamado de Yesha, com a retirada do aym (olho) final de seu nome. Ai mais um motivo para pronunciarmos esse nome. Nós o vemos como Maschiach, o Redentor de Israel.

mais sobre o tema: O nome de Deus é Yaohu Ulhim?

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Shalom!

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Gênesis - Bereshit 1:1-8 no judaismo

1) No princípio criou D'us os céus e a terra.
2) E a terra era vã e vazia, e (havia) escuridão sobre a face do abismo, e o espírito de D'us se movia sobre a face das águas.
3) E disse D'us: "Seja Luz!" E foi luz.
4) E viu D'us que (era) boa; e separou D'us entre a luz e a escuridão.
5) E chamou D'us à luz, dia, e à escuridão chamou noite; e foi tarde e foi manhã, dia um. (*---------------)
6) E disse D'us: "Haja expansão no meio das águas e que separe entre águas e águas!";
7) E fez D'us a expansão;e separou entre as águas debaixo da expansão e entre as águas de cima da expansão. E foi assim.
8)E chamou D'us à expansão, céus...


No princípio criou...
Este versículo requer interpretação, como o interpretaram nossos mestres:[O mundo foi criado] para a Torá, que é chamada: "Princípio do Seu Caminho" (Provérbios 8:22), e para Israel, que foi chamado "Princípio da Sua Colheita" (Jeremias 2:3); e se quisermos interpretá-lo segundo seu significado simples, assim ficaria: no princípio da criação dos céus e da terra - que estava vazia etc - disse D'us: "Haja luz". A Escritura não veio para [nos] ensinar a ordem da criação, para dizer que estes (ou aqueles) se anteciparam, pois se quisesse ensinar assim, estaria escrito: "primeiro criou os céus, etc". (*Rashi).

...criou...
Em hebraico, "bará", significa "trazer do nada à existência". Este verbo não existe nas línguas ocidentais. Sendo assim, "bará", aqui é traduzido como "criar", na tentativa de passar do original hebraico a idéia de "trazer do nada à existência".

Elohim (D'us) tem, em hebraico, a forma plural, para indicar que D'us compreende e unifica todas as forças infinitas e eternas. E para que não se pense que são muitos deuses - trindade por exemplo -  o verbo "bará" foi empregado no singular, imediatamente após Elohim. No original hebraico o verbo se encontra no singular, e Elohim é um plural majestático (Abraham Ibn Ezra), que não significa dois ou três como na palavra "bealim" (dono), que sempre vem no plural, e indica pessoa singular. O verbo "bará" aqui  informa, estabelece e testifica - para não deixar dúvidas -  a unicidade de D'us por estar em forma singular.

...criou D'us...
Não foi dito: "Criou o Senhor Eterno [Misericordioso]", porque inicialmente pretendia criar o mundo com o atributo da justiça, mas o mundo não poderia existir [se fosse baseado apenas na justiça], antecipou (então) o atributo da misericórdia e uniu-o ao atributo da justiça, por isso está escrito "No dia em que o Eterno Senhor [de misericórdia], D'us [de justiça], fez a terra e o céu". (Gênesis 2:4) (Rashi)

...os céus e a terra...
Fica explícito no primeiro versículo de Gênesis a intenção de dar ao homem a consciência de que tudo se deve à Criação Divina. A Torá mostra o Universo como expressão (manifestação, etc) da vontade Divina. Na Cabalá, "tsimtsum"; a Criação como princípio de tudo, e não a Criação em si, mas a Providência - isto é, D'us - como Criador, Condutor do Universo etc.

...vã e vazia...
Uma expressão de assombro e admiração, que um homem diz quando fica surpreso e confuso pelo vazio dele [o mundo] (Rashi)

Vã, a interpretação aramaica de Onkelos interpreta assim.

Rashi, explica que a palavra hebraica tôhu significa assombro e consternação pelo vácuo.

...sobre a face do abismo...
Sobre a face das águas que cobriam a terra. (Rashi)

...e o espírito...
Mais propriamente: ventos da parte de D'us pairavam... Sendo D'us incorpóreo, infinito e ilimitado (não divisível em deus pai e deus filho deus filho espírito santo), não dispõe de espírito como os seres por ele criado. Em alguns casos, o hebraico utiliza o termo no singular se referindo a plural. "Espírito" aqui não tem o sentido que outras religiões  insistem em dar a palavra.

...e o espírito de D'us...
Outros traduzem "O vento de D'us". Alguns ao traduzirem "vento" de D'us  no lugar de o "espírito"  deixa evidente que a idéia no original hebraico é outra  e não a de sustentar a tese "espírito santo" tão difundida por missionários.

...e o espírito de D'us se movia...
A maioria dos tradutores considera complicado traduzir estas palavras pois elas têm um sentido difícil e muito complexo para que nosso limitado entendimento possa captar e compreender com exatidão.

O trono da glória estava suspenso no ar e flutuava sobre a face das águas com o alento divino, Abençoado Seja Ele, e sob Sua palavra, como um [pássaro] que sobrevoa seu ninho. Rashi diz que o trono Divino se movia por ordem de D'us e por meio de alento (ruach) exalado por Sua "boca", sobre a face das águas, aparentemente para dar o alento da vida à matéria inanimada (cf Gênesis 2:7 e Isaías 42:5).

A tradução aramaica (*Ionatan) diz "e o espírito de misericórdia procedente de D'us soprava sobre a face das águas"

...sobre a face das águas....
Rashi propõe como explicado anteriormente (No princípio criou...) que o primeiro versículo do Gênesis seja traduzido assim: "No princípio, 'ao criar' D'us os céus e a terra, a terra etc.", pois a Escritura não quer nos mostrar a ordem em que as "coisas" foram criadas. A constatação deste fato é que o fim do segundo versículo sugere que as águas já existiam antes dos céus e da terra.

E disse D'us: "Seja Luz!"...
Quer dizer que D'us quis.

E viu D'us que (era) boa; e separou D'us entre a luz e a escuridão...
Neste versículo precisamos das palavras da *Agadá: Ele viu que não era merecido que o perverso a utilizasse, e a separou-a para os justos, para o futuro vindouro,. e de acordo com sua simplicidade assim explica: Ele viu que era boa, e não era agradável para a luz e apara escuridão que fossem misturadas, então se estabeleceu para luz seu limite no dia e para escuridão seu limite na noite (Rashi)

...dia um...
De acordo com a seqüência do texto neste trecho da Escritura deveria estar escrito "o primeiro dia", como está escrito nos dias seguintes, segundo, terceiro, quarto dia etc. Então porque escreveu "dia um" no lugar de primeiro? Por que o Eterno era Único em Seu mundo, já que não foram criados os anjos até o segundo dia. Esta explicação encontramos em *Bereshit Rabá.

Alguns rabinos tratavam de conciliar a data da era hebraica com as últimas descobertas científicas, que revelam, baseadas em instrumentos recentes - relógio atômico, etc - que a Terra tem aproximadamente uns 4 bilhões de anos. Então, para "conciliar" a Escritura Sagrada com o desejo científico, podemos até admitir que um dia de Criação não equivale a um dia ordinário, e sim, a um longo período de nosso tempo, conforme descreve o rei David no Tehilim 90: "Pois mil anos em Teus "olhos" são como o dia de ontem, que passou, e como uma vigília noturna"

Diversos teólogos (de outras religiões), buscando melhor aceitação para a Torá (que  insistem em chamar de Velho Testamento) entre os descrentes, ateístas etc que tentam explicar o surgir de vida na Terra, dizem ser estes dias simbólicos. O que todos (eles) esquecem é que para D'us não existe diferença entre um segundo e milhões de anos. Os descrentes continuarão assim (descrentes) por sua vontade e arbítrio.

E disse D'us: "Haja expansão";...

Os textos não originários diretamente do hebraico em geral traduzem como "Haja firmamento". A Septuangita, "Seja firmamento".

"Haja firmamento", estava se fortalecendo o "firmamento" pois, mesmo que os céus tenham sido criados no dia um, ainda estavam "úmidos", em estado fluido. Solidificaram-se no segundo dia pelo "grito" Divino, quando disse "Haja firmamento". E isto é o que está escrito em Jó - 26:11: "Os pilares dos céus estavam frágeis" todo o primeiro dia, e no segundo: "surpreenderam-se firmando-se com seu grito", fica aturdido, parado pelo grito daquele que o intimida. (Rashi)

...e entre as águas...
Há um espaço entre as águas superiores e o firmamento, bem como entre o firmamento e as que estão sobre a terra. Disto conclui-se que elas estão suspensas pela ordem de D'us. (Rashi)

*Nachmânides ensina que a separação foi entre os aspectos totalmente espirituais da Criação e o mundo material que circunda o homem, inclusive os mais distantes pontos do sistema solar. Diz ainda que o "firmamento" e as águas de cima e de baixo estão entre os mistérios da criação que ainda não podem ser conhecidos por nós, homens, ou cuja explicação deve ser limitada àqueles qualificados a conhecê-la.

Outros exegetas comentam que o termo "firmamento" se refere à atmosfera da Terra.

E fez D'us a expansão;...
Ele o corrigiu e fixou na sua posição que é o equivalente a "fazê-lo", como em :"e ele fizera as suas unhas" - Deuteronômio 21:12.

...e separou...
Ou "Ele dividiu", Septuaginta.

...de cima da expansão...
Sobre o firmamento não significa senão "acima do firmamento", porque as águas estavam suspensas no ar. E por que não foi dito "que era bom" no segundo dia? Porque não havia concluído o "trabalho" de criação da água até o terceiro dia. Eis que tinha começado no segundo; e uma coisa que não foi terminada, não está inteira nem é boa. E no terceiro dia, quando foi terminado o "trabalho" das águas, e começado e terminado outro "trabalho", repetiu "que era bom" duas vezes. Uma pela conclusão do trabalho do segundo dia e a outra pela conclusão do trabalho do terceiro dia. (Rashi)

,céus...
céu, "rakia", em hebraico, literalmente "expansão". Comumente traduzido como "firmamento". (*Saadia Gaon)

E chamou D'us à expansão, céus...
Céus significa: "Carrega água", "Ali existe água"; "fogo e água" que  misturados um ao outro formaram os Céus.

*Notas 
Abraham Ibn Ezra, exegeta, 1089-1164.
Agadá, um midrash sobre o Gênesis, compilado de fontes antigas em torno de 950 da era atual.
Bereshit Rabá, a mais importante parte da coleção conhecida como Midrash Rabá, que trata do livro de Gênesis.
Nachmânides, Rabi Moshê ben Nachman, 1194-1270.
Ionatan, Yonatan Ben Uziel, tradução para o aramaico da Torá, conhecida por Targum Yonatan.
Onkelos, traduziu com autorização a Torá para o aramaico, conhecida como Targum. Em muitos lugares o Targum torna o texto mais homilético que literário.
Rashi, Rabbi Slomo ben Itzhak. 1040-1105.
Saadia Gaon, Saadia ben Yossef Gaon, 882-942.
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