quinta-feira, 8 de março de 2012

O próprio Jesus refuta a trindade


Se a grande maioria dos cristãos, por herança recebida do catolicismo quando ainda estava em formação, dizem que Deus é composto de três pessoas, então, dada a importância dessa informação e considerando que há quem afirme que a trindade é um ensino claro nas Escrituras e doutrina fundamental da fé cristã era de se esperar, por consequência, que houvesse citações afirmando que Deus é também três ao invés de apenas um. Aliás, se Deus é UM e TRÊS, os versículos listados abaixo seriam um bom momento para se dizer isso, mas que tal perguntarmos à Bíblia: Quantos Deus “é”?

Dt. 6.4 “Ouve, Israel, Yahweh nosso Deus, Yahweh é UM”.

II Sm. 7.22 “Portanto, grandioso és, ó Yahweh Deus, porque não há semelhante a ti, e não há outro Deus senão TU SÓ…”

Zc. 14.9 “E Yahweh será rei sobre toda a terra; naquele dia UM será Yahweh, e UM será o seu nome.”

Mt. 23: 9 “E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque UM SÓ é o vosso Pai, o qual está nos céus.”

Mc. 12:32 “E o escriba lhe disse: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que há UM SÓ Deus, e que não há outro além dele;”

Jo. 17.3 Orando ao Pai, Jesus disse: “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, como o ÚNICO Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que tu enviaste.”

Rm. 3.30 “Visto que Deus é UM SÓ, que justifica pela fé a circuncisão, e por meio da fé a incircuncisão”

Rm. 16.27 “ao ÚNICO Deus sábio seja dada glória por Jesus Cristo para todo o sempre. Amém.”

I Co. 8. 4 “Assim que, quanto ao comer das coisas sacrificadas aos ídolos, sabemos que o ídolo nada é no mundo, e que não há outro Deus, senão UM SÓ.”

I Co. 8.6 “Todavia para nós há UM SÓ Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele.”

Gl 3.20 “Ora, o medianeiro não o é de um só, mas Deus é UM.”

Ef. 4.6 “UM SÓ Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós.”

I Tm. 1.17 “Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao ÚNICO Deus, seja honra e glória para todo o sempre. Amém.”

I Tm 2.5 “Porque há UM SÓ Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem.”

Tg. 2.19 “Tu crês que há UM SÓ Deus; fazes bem. Também os demônios o creem, e estremecem.”

Jd 1.25 “ao ÚNICO Deus, nosso Salvador, por Jesus Cristo nosso Senhor, glória, majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, e agora, e para todo o sempre. Amém.” 

Quando você debate com um trinitariano, você pede que ele mostre apenas um versículo, não interpretação, mas apenas um versículo que diga que Deus é três e eles não apresenta Um sequer, porque não existe na bíblia. Em contrapartida nós temos a bíblia inteira que diz que Deus é UM. Por que desconsideram descaradamente a bíblia e preferem a tradição a escritura?

Querido leitor você viu algum versículo ou tem conhecimento na sua vida cristã de alguém que tenha encontrado na Bíblia um versículo que diga que Deus seja três, triúno, três pessoas, três entes, três seres, três divinos, três espíritos, três substâncias, três hipóstases, três essências, três modos, três atributos, três agentes ou em qualquer sentido uma tríade? Isto simplesmente e incrivelmente, considerando a quantidade de pessoas que usam alguma dessas expressões, não é ensinado na Bíblia. Agostinho passou aproximadamente 16 anos (a quem diga 20 anos) de sua vida, do ano 400 ao 416 d.C, pesquisando e escrevendo sobre a trindade, e, mesmo após o término de sua obra, que passou a ser conhecida com “De Trindade” ou “A Trindade”, manteve nela registrado: “Todavia, na Escritura não encontramos também qualquer referência a três pessoas.”1

Aqui não temos dedução, mas constatação de fato e, como se pode constatar, lemos não uma vez, mas várias, a identificação de Deus como “UM”, “ÚNICO” e “UM SÓ”! Portanto, por que tentar colocar dentro da Bíblia uma doutrina que não está nela? Por que dizer que Deus é algo que a Bíblia não diz que Ele seja?


1 Agostinho in A trindade, Paulus Editora, 2ª Edição – 1994, pág. 248 – Não satisfeito com essa conclusão, visto ser um defensor da teologia trinitária, Agostinho propôs uma arranjo para resolver o problema e alegou que “…será lícito dizer três pessoas pela necessidade de expressão e de discussão, não porque a Escritura diz, mas porque não contradiz a Escritura…” (pág. 249). Não contradiz? Agostinho embora cite Dt. 6.4 em sua obra, parece ignorar o seu significado.

Filho de Deus, não "Deus Filho"

São mais de 40 ocorrências da expressão “Filho de Deus” no texto do Novo Testamento, mas “Deus Filho” ou mesmo “Deus, o Filho” não há uma sequer.

Alguns interpretam que a expressão “Filho de Deus” é uma prova, por si só, de que Jesus é Deus, mas é justamente por essa expressão que vemos que ele não é. Ele é Filho! Para alguns “Filho de Deus” = “Deus”. Como a contextualização bíblica é quase sempre ignorada por quem acha que “Filho de Deus” signifique “Deus” ou “Deus Filho”, deveríamos meditar no seguinte: Se a expressão “Filho de Deus” atribuísse automaticamente igualdade com a Deidade seria extremamente estranho um homem, judeu, ao ser apresentado a um Rabino que o notou debaixo de uma figueira já, de imediato, lhe dissesse: “você é o Deus Eterno, Supremo Soberano do Universo”. Pois bem, se as expressões fossem equivalentes isso teria acontecido com Natanael, pois ele disse em João 1:49: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és rei de Israel”. Mas, será realmente que funcionava desse jeito, ou seja, todos aqueles que estavam iniciando sua caminhada junto ao Mestre, um jovem rabino, filho de um carpinteiro conhecido da pequena cidade de Nazaré, que estava começando a se tornar popular, já, de cara, o consideravam Deus? Aquele mesmo Deus que libertou Israel e fez grandes prodígios na antiguidade, Egito, Babilônia, Assíria, Canaã e etc.? Ou devemos reler as palavras de Natanael, este mesmo Natanael que teve Jesus anunciado por Felipe nos seguintes termos: “Havemos achado aquele de quem Moisés escreveu na lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José.” (Jo. 1.45). Ora, onde Moisés falou de Deus feito carne? Não terá falado Moisés de um Profeta semelhante a ele? Não terão falado os profetas de um Messias? E o próprio Felipe por acaso não o identificou como filho de José? Será que é razoável afirmar que Natanael guinou da informação dita a ele minutos antes de que estava ali próximo um dos filhos de José e Maria e passou a achar que era o próprio Deus em carne e ossos ali diante dele? Relembremos as três coisas ditas por Natanael: “Rabi”, “Filho de Deus” e “rei de Israel”. Apenas isso!

João Batista, em Jo. 1.34, disse : “Eu mesmo vi e já vos dei testemunho de que este é o Filho de Deus”. O profeta às margens do Jordão disse em alto e bom tom “este é o Filho de Deus”. Meditemos, se isso fosse atribuição de deidade, significaria dizer que o Batista estava chamando Jesus, aquele homem que todos podiam ver, de “o Deus Eterno de Israel”, Aquele Deus, habitante dos céus, a quem conheciam como imortal e invisível. Será que essa era a intenção de João, e será que era essa a compreensão dos primeiros discípulos? Será que os judeus entenderiam essa expressão exatamente assim? Será que achariam natural que Deus estivesse ali em carne e ossos na frente de todos eles? Ou percebiam essa expressão como aquela que já havia sido dita por Deus em outras ocasiões, entre Deus e aquele a quem ele chama de filho, sem qualquer atribuição de deidade, como por exemplo, Israel, Ex. 4.22 “Então dirás a Faraó: Assim diz o Senhor: Israel é meu filho, meu primogênito” ou até mesmo e muito mais evidentemente com uma conotação messiânica conforme se afirma na passagem profética encontrada em II Sm. 7.14 “Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho…” quando fala acerca de Salomão. Se devêssemos entender a afirmação de João e Natanael da forma como querem os trinitários era de se esperar em cumprimento da Lei mosaica, um levante geral do povo para que todos fossem mortos ali mesmo. Certamente essa é uma ideia descontextualizada da realidade bíblica! É a visão dos dias atuais apontando para o passado e não do passado para os dias atuais, onde se deve seguir uma sequência e considerar a história de Israel. Até porque eles esperavam o Messias, o que viria para remir Israel da mão de seus inimigos, da descendência de Davi para se assentar em seu trono. Não podemos supor que eles esperassem uma “encarnação de Deus” que iria sair do trono da majestade celeste para reinar em Israel, mas o Filho de Davi. Essa ideia de “Deus encarnado” não era e nem é a promessa contida nas Escrituras.

Sem a malícia dos judeus, Marta reconhece a Jesus como Filho de Deus, mas para ela isso não significou que Ele fosse o próprio Deus ou o “Deus Filho”, pelo contrário ela já em Jo. 11.22 havia dito “Mas também agora sei que tudo quanto pedires a Deus, Deus to concederá.” ou seja, ela não o via como sendo o próprio Deus, mas alguém a quem Deus não negaria um pedido; o Filho de Deus. Ela testemunhou em Jo. 11.27 “Disse-lhe ela: Sim, Senhor, creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo. 28 E, dito isto, partiu, e chamou em segredo a Maria, sua irmã, dizendo: O Mestre está cá, e chama-te.” Perceba que ela disse: “O Mestre está cá”, ora se Filho de Deus fosse sinônimo de Deus Filho, era de se esperar depois dessa “brilhante” e “assombrosa” revelação, que ela dissesse para sua irmã “Deus está cá, e chama-te”, não o fez porque não procurava incriminar Jesus para o crucificar como pretendiam os judeus. Todos o que estavam ali viram Nosso Senhor Jesus Cristo orar a Deus, seu Pai. Se a expressão “Filho de Deus” fosse sinônimo de “Deus Filho” teríamos ali uma situação esdrúxula, pois todos os judeus ali presente estariam estranhamente considerado normal e possível Deus na terra em carne e ossos rogando a Deus no céu à realização de um milagre.

Também o Sumo Sacerdote depois de os judeus conseguirem prender Jesus, pergunta ao Senhor: “Conjuro-te pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus. Vemos aqui que a expressão “Filho de Deus”, no sentido messiânico, associa-se com a palavra “Cristo”. O Sacerdote insistia com Jesus para que ele dissesse pelo Deus vivo se era o Cristo, Filho de Deus. Para o Sumo Sacerdote a expressão “Filho de Deus” não o identificava como o “Deus vivo”, mas como o “Cristo”. Ora, a pergunta do sacerdote não tem sentido equivaler a: “Conjuro-te pelo Deus vivo que me digas se és Deus”(?). A esperança da vinda do Filho de Deus sem que Filho significasse o próprio Deus estava na mente dos judeus da época, como se confirma nas palavras de Marta, em Jo. 11.27; nas palavras de João, o evangelista, em Jo. 20.31; e até de espíritos como os demônios em Lc. 4.41, além de outras ocorrências. Os fariseus O rejeitavam porque não viam nEle, Jesus, o cumprimento das profecias; não viam nele o Messias prometido, então, para eles, se Jesus se auto afirmava “o Cristo”, era se fazer Deus, não no sentido da co-igualdade, pois o Ungido de Deus, não é o próprio Deus, arrogando para si a autoridade para se sentar no trono de Yahweh se auto-proclamando Cristo, algo que somente Deus o poderia designar. Esse entendimento dos judeus é retratado em Jo. 19.7 falando acerca do fato de Jesus afirmar ser Filho de Deus diziam: “… deve morrer, porque se fez Filho de Deus.” Se os fariseus cressem nas Escrituras de forma correta creriam em Jesus e não o acusariam, pois perceberiam que Deus o havia enviado, mas porque não o criam, entendiam que Jesus estava querendo se colocar no lugar de Deus para se proclamar Cristo, daí o acusarem de blasfêmia.

O Centurião juntamente com os que estavam com ele também reconheceram em Jesus sua filiação com Deus e podemos ler isso em Mt. 27.54 “E o centurião e os que com ele guardavam a Jesus, vendo o terremoto, e as coisas que haviam sucedido, tiveram grande temor, e disseram: Verdadeiramente este era Filho de Deus”. Pela equação trinitariana, temos que “Filho de Deus” = “Deus”, isso equivale a dizer que aquelas pessoas que estavam de sentinela guardando ao Senhor no momento da crucificação teriam dito, ante a morte de Jesus, “verdadeiramente este homem era o próprio Deus”, agora perceba a paradoxalidade que a atribuição de Deidade a Jesus em virtude da expressão “Filho de Deus” causa. Se teria dito “este era Deus”, ou seja, “era” e já não é pois morreu, e isto seria admitir que Deus morre, visto ter sido isso que aquelas pessoas testemunharam; uma morte. Mas a Bíblia diz que Deus é imortal (I Tm. 6.16). Logo se verifica que a equação trinitariana é contrária ao ensino bíblico e que Filho de Deus não significa Deus, nem mesmo Deus Filho.

Somente “Deus” ocorre mais de 650 vezes no NT. A expressão “Deus Pai” aparece 11 vezes, “Deus, o Pai” ocorre 4 vezes, “Deus e Pai” ocorre 14 vezes, “Deus nosso Pai” ocorre 12 vezes, e, sem dúvida, decorre do ensino de Jesus Cristo, ao dizer: “Portanto vos orareis assim: Pai nosso...”, nessa oração Deus é apresentado como Pai de todos. E é assim que Jesus nos apresenta Deus, como Pai. Paulo confirma isto em I Ts. 3.11 “Ora, o próprio Deus e Pai nosso e o nosso Senhor Jesus”. Quando o escritor sagrado pretendia mostrar o grau de identificação que ele tinha com Deus usava “Deus Pai”. “Deus Pai” e termos assemelhados denotam, portanto, relação de intimidade entre Deus e seus servos, agora, filhos através de Jesus Cristo. Ficam ausentes ou melhor inexistentes, dentro de toda a Bíblia, expressões como “Deus Filho”, “Deus e Filho”, “Deus, o Filho”, “Deus nosso, o Filho”, assim como “Deus Espírito Santo”, “Deus e Espírito Santo”, “Deus, o Espírito Santo” e “Deus nosso, o Espírito Santo”, isto por si só já deveria nos dizer alguma coisa, de modo que, focando os usos de “Deus Pai” na Bíblia, não parece ser natural deduzir “Deus Filho” ou “Deus Espírito Santo” a partir daquela expressão, pois não é esse tipo de Deus que a Bíblia pretende mostrar, mas quem Deus é para nós. J. N. D. Kelly falando acerca dos primeiros apologistas cristãos nos informa que “para todos eles, a descrição “Deus Pai” não indicava a primeira Pessoa da Santa Trindade, mas a Divindade única, considerada autora de tudo1 o que existe" e isso se confirma quando lemos Ml. 2.10 “Não temos nós todos um mesmo Pai? Não nos criou um mesmo Deus?…”. Ora, se o Filho é Deus e Filho de Deus, se o Espírito Santo é Deus e Espírito de Deus, então, por via de consequência o Pai é Deus e Pai de Deus (?!) Isso, claro, é mais um disparate não ensinado na Bíblia, mas seria mais uma “dedução” lógica, embora inexistente dentro da Bíblia, se considerada verdadeira a doutrina trinitariana. Tudo isso mostra que não há margem para se alegar a existência de um Deus Filho, mas apenas do Filho de Deus.

1 Jefferson Ramalho em “Jesus é Deus?”, publicado pela Editora Reflexão – 2008, à página 35 comenta a posição do bispo Alexandre que, na contra-mão dessa informação, à época da controvérsia sobre a consubstancialidade do Filho com o Pai (III séc.), acusava Ário de atribuir a Deus mutabilidade “pois se Deus só se tornara Pai a partir da existência e criação [melhor entender geração] do Filho, Deus não seria imutável, pois passara por um processo de mutabilidade a partir do instante em que se tornara Pai.” Ora, para os apologistas cristãos primitivos “Pai” é a designação do Criador e isto se vê confirmado em Introdução a Teologia Patrística de Luigi Padovese, da Edições Loyola, ao registrar, à página 61, que em busca de uma solução trinitária, a partir do III séc. “o título de ‘Pai’ deixa de qualificar a natureza ou o ser divino (Pai = Deus) ou de ter caráter metafórico (Pai de Israel) e logo se torna título de pessoa, com o significado de ‘Pai do Senhor nosso Jesus Cristo‘” estritamente. Assim, considerar o tornar-se Pai um processo de mutabilidade de Deus é considerar o tornar-se Criador também um processo de mutabilidade. Se antes não existia absolutamente nada apenas Deus, então, ELE teria se tornado criador a partir da criação, de modo análogo seria sua condição de Pai, daí se conclui que nenhuma, nem outra coisa indica mutabilidade em Deus, mas inerência de seu ser. Deus é criador antes que existisse qualquer coisa , mas as coisas só passaram a existir a partir da dado momento, assim também ele é Pai.

Quem era Jesus segundo ele mesmo?

Mt. 23.10 “um só é o vosso Mestre, que é o Cristo”

Lc. 4. 18 O Cristo “O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu”

Jo. 4.26 O Cristo “Eu o sou, eu que falo contigo.”

Jo. 6.48 “Eu sou o pão da vida.”

Jo. 8.12 “Eu sou a luz do mundo;”

Jo. 8.40 “sou um homem”;

Jo. 10.9 “Eu sou a porta;”

Jo. 10.11 “Eu sou o bom Pastor”

Jo. 10.36 “Àquele a quem o Pai santificou”

Jo. 10.36 “Sou Filho de Deus”

Jo. 11.25 “Eu sou a ressurreição e a vida;”

Jo. 14.6 “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida”

Jo. 15.1 “Eu sou a videira verdadeira”

Jo. 18. 5 “Jesus Nazareno. Disse-lhes Jesus: Sou eu.”

Jo. 19.21 “ele disse: Sou o Rei dos Judeus.”

At. 9. 5 “Eu sou Jesus”

Ap. 1.17 “Eu sou o primeiro e o último;”

Leiamos atentamente o que Jesus disse em Jo. 14.1 “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede TAMBÉM em mim” mais explícito impossível, crer em Deus e também nEle. Jesus mesmo é quem se distingue de Deus e se exclui da Deidade ao dizer “em Deus e em mim”. Veja que ele não disse ali “no Pai em mim” (as hipóstases), mas “em Deus e em mim” e isso é muito significativo pois a palavra Deus, no grego está com artigo, indicando indubitavelmente ser O Deus, aquele conhecido Soberano e Eterno do Antigo Testamento, que sem dúvida é o mesmo do Novo Testamento. Esse verso é reforçado por Jo. 17.3 “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, como o único Deus verdadeiro, E A Jesus Cristo, aquele que tu enviaste.” 

Você pode acrescentar outras afirmações a essa lista, mas essa última, que se segue, NÃO é palavra de Jesus em toda a Bíblia:

“Jesus disse: ‘Eu sou Deus’”?  Livro ? Capítulo ? Versículo

Quem era Jesus nos relatos de João, o evangelista?

É possível admitir que dentre os escritos do Novo Testamento os relatos do evangelista São João sejam aqueles que tem alguns dos versículos mais abundantemente usados para se tentar determinar provas ao dogma trinitário. Curiosamente, embora existam umas poucas passagens, Jo. 1.1-3; 16.30; 20.28; I Jo. 5.20, que podem ser, descontextualizadamente, destacadas para referenciar uma suposta identificação de Jesus como sendo o próprio Deus; o Deus de quem Jesus mesmo, fazendo clara distinção entre ambos, o chamou de verdadeiro Deus em Jo. 17.3; João é o evangelista que mais destaca o subordinacionismo e dependência ontológicas sob a qual Cristo está em relação a Deus, seu Pai. E o fez, não somente como cronista, mas como alguém que registrou as palavras do Salvador mesmo se identificando como um ser essencialmente diferente e dependente de Deus. Isso termina por denunciar a inexistência da co-igualdade requerida por alguns teólogos entre Pai e Filho, endossando por consequência o unitarismo ensinado na Bíblia desde Adão e anulando a intenção de legitimação do dogma trinitário. (Igualdade na essência e diferença na relação, segundo Agostinho.)

Aqui traremos à baila versículos conhecidos, mas certamente serão mostrados muitos outros reveladores, desconhecidos ou preteridos por muitos doutrinadores na questão cristológica. Se verá vários desses versículos onde João, o mesmo que escreveu Jo. 1.1 e Jo. 20.28, indica que Jesus não é um consubstancial com seu Pai. Há versículos além dos listados aqui que já foram ou serão comentados em outras postagens.

Como já comentamos os primeiros versículos do capítulo um de João, seguiremos adiante e perceberemos que nos versos 16 e 18, ele é reconhecido como unigênito Filho de Deus. Se “unigênito” significa único da espécie ou único gerado, nenhuma nem outra expressão significa que ele seja Deus, pois se ele é “único da espécie”, então, Deus, o Pai, é de outra espécie já que Jesus seria único de sua espécie e se é único gerado, então, todo gerado tem um começo.

No encontro com Nicodemos, por exemplo, capítulo 3, vemos a identificação de um Mestre, vindo da parte de Deus e não o próprio Deus.

Em 3.34 Jesus afirma “Porque aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus; pois não lhe dá Deus o Espírito por medida.”. Ora, Jesus poderia ser o próprio Deus e a Bíblia dizer isso que está dito no verso? Muito claramente vemos de forma taxativa a informação que Nosso Senhor Jesus Cristo foi “aquele que Deus enviou”, Ele jamais diz: “Eu me enviei”, e é Deus que lhe dá o Espírito sem medida.

No verso seguinte vemos a plena dependência e a fonte de poder do Filho: “O Pai ama o Filho, e todas as coisas entregou nas suas mãos.” Se eles são imanentemente a mesma substância, como se alega, o Pai não precisaria entregar nada ao Filho, pois como “Deus” o Filho já teria.

Em 4.22 “Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus.”, aqui se considerarmos verdadeiro o conceito do “Deus Filho”, teríamos, então, uma situação meio gnóstica: Deus adorando Deus, pois se Jesus tem as duas naturezas (Deus e homem) em uma única pessoa, Ele, Jesus diz que, ele próprio, uma pessoa judia juntamente com todos os outros judeus adoram a Deus. Mas se ele é como sempre afirmou ser e foi reconhecido, o Filho de Deus, então, como judeu e Filho adorou ao Pai, assim como seus compatriotas e como nós também devemos fazer.

A mulher samaritana, testificou de Jesus Cristo e os samaritanos ouviram as palavras do Senhor, ao término da audição concluíram não que Ele era Deus, mas “verdadeiramente o Cristo, o Salvado do mundo” (4.42).

Quando o acusaram de querer “se fazer igual a Deus” por haver dito que era Filho de Deus (5.18), Ele, de pronto, refuta a acusação e já no verso imediatamente seguinte, v.19, João o Evangelista registra o esclarecimento feito pelo próprio Senhor Jesus: “Na verdade, na verdade vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma…”. Veja que ele usou o enfático “Na verdade, na verdade”. Se ele falou como Filho, então não falou como um simples ser humano; falou exatamente como Filho de Deus, ou seja, com aquele título designativo que alguns teólogos costumam usar para afirmar que Ele é o próprio Deus Filho, mas Ele insiste em desfazer esse mal entendido ao dizer que não, e repete em 5.30 “Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma…”. Falando dEle mesmo, seja na terceira pessoa “si mesmo” (v. 19) ou na primeira pessoa “mim mesmo” (v. 30) Ele afirma não poder fazer coisa alguma.

Ao verem Jesus realizando milagres o povo não o identificava como o Deus de Israel, mas como o profeta que deveria vir Jo. 6.14 “Vendo, pois, aqueles homens o milagre que Jesus tinha feito, diziam: Este é verdadeiramente o profeta que devia vir ao mundo.” e mais uma vez se confirma no v. 69 “E nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o Filho do Deus vivente”. Curiosamente alguns cristãos atribuem o poder de operação de milagres de Jesus a uma possível deidade, mas esses versos provam que isso é um engando, pois os milagres era atribuído a um profeta da parte de Deus, seu Filho Jesus Cristo.

Jesus, nosso Senhor, deixa claro que a obra de Deus é crer naquele que ELE, Deus, enviou (Jo. 6.29), mais a frente no v.32 diz: “meu Pai vos dá o verdadeiro pão do céu” e nos versos 33 e 48 ele se identifica como o “pão de Deus”, associando sempre Deus a Pai e Pai a Deus e jamais se chamando a si mesmo Deus.

Vale a pena trazer o registro de João em 6.45 “Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim.”, onde muitos trintários usam para afirmar que Jesus é Deus, mas perceba que este verso diz exatamente que ele não é ao asseverar: “todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim”, veja que quando alguém é ensinado pelo Pai (e a parte inicial diz que os que são “ensinados por Deus”) vai a Jesus. Assim, o verso não está chamado, em hipótese algum Jesus de Deus, mas aqueles que são ensinados por Deus, o Pai, vão a Ele (Jesus).

Jesus vive pelo Pai. Jo. 6.57.

Em 6.69 vemos Pedro confirmando aquilo que todos os de bom coração reconheciam em Jesus: “o Cristo, o Filho do Deus vivente“.

Leiamos com atenção o registro de João em 7.17 quando Jesus fala de doutrina que ensinava: “Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou se eu falo de mim mesmo.” O Nosso Senhor Jesus Cristo ao falar de Deus mostra não ser ele próprio Deus e contrasta de forma inconfundível a distinção entre os dois. Pois Ele alega que se falasse de si mesmo, ou seja, suas próprias palavras, não seria Deus falando. Ora, não alegam, por ventura, que Nosso Senhor Jesus é o “Deus-Filho” ou “Deus em forma humana”, como, pois não falaria de si mesmo, se ele fosse o que os trinitarianos dizem que ele é? E, como alegaria ele que a doutrina é provinda de Deus e não dele mesmo, se ele fosse o que os trinitarianos dizem que ele é? Como podem esses ensinadores desdizerem Jesus e afirmar que Ele seja aquilo que Ele não disse ser?

Também é oportuno atentar para o registro que João faz das palavra de Jesus em 7.29 depois de dizer que havia sido enviado por Deus, o Pai, Ele diz: “Mas eu conheço-o, porque dele sou e ele me enviou.” Jesus diz claramente “sou dele” mas nunca diz “sou ele”. Ele pertence a alguém maior que ele, e este é Aquele que o enviou.

João registra em 7.40 que a multidão não o concebia como Deus encarnado, pelo contrário o viam com um mensageiro de Deus aos homens: “Então muitos da multidão, ouvindo esta palavra, diziam: Verdadeiramente este é o Profeta.”

Jesus diz em Jo. 8.28 “… e que nada faço por mim mesmo; mas falo como meu Pai me ensinou.” Como poderia Jesus ser um consubstancial ou um co-igual com Deus, seu Pai, como reivindicam alguns e precisar aprender alguma coisa? Nele não estariam unidas na mesma pessoa as duas naturezas? Tomar a forma de servo será que significa desaprender, esquecer e etc… A Bíblia ensina isso? Jesus teria se esquecido das coisas celestiais e desaprendido tudo? Aqui é oportuno destacar que Ele, Jesus, tanto pode ter aprendido o que fazer na terra aquilo que o seu Pai desejou, quanto depois da encarnação. Seja como for temos poucas opções: Se Ele era Deus teria perdido a consciência e precisou reaprender tudo o que falar e o que fazer; ou se, de fato, não era Deus, então, foi ensinado por ELE, que é justamente o que a Bíblia diz!

Perceba a declaração de Jesus registrada por João em 8.42 “… pois que eu saí, e vim de Deus; não vim de mim mesmo, mas ele me enviou.” Suponhamos que Jesus seja o próprio Deus. Uma hipóstase participante da Deidade. Admitamos Ele como sendo Deus na eternidade pretérita; uma única substância conjuntamente com o seu Pai, um único Elohim. Agora façamos uma releitura do versículo e meditemos: Ele disse: “… vim de Deus“; mas, como assim (?), se ele já era Deus na Eternidade? Por que falar de Deus como se fosse outra pessoa se Ele fosse o próprio? “Não vim de mim mesmo”, mas como assim (?), se Ele já era o próprio Deus na Eternidade, porque não viria de si mesmo? Se Ele é Deus e Deus é Ele como poderia não vir de si mesmo? Mesmo considerando o esvaziamento (knosis) sugerido em Fl. 2.6, Ele, se fosse Deus, teria vindo de si mesmo, pois o esvaziamento seria apenas a segunda parte do processo de vinda ou auto-envio; a primeira teria sido a decisão de vir. O plano da salvação antes de entrar em execução já existia. Atente que esse versículo é uma declaração do próprio Jesus de que ele não é Deus. Ao dizer que não veio de si mesmo, mas de Deus que o enviou, Ele se exclui da Deidade. Assim, não há como alegar consubstancialidade ou co-igualdade se Ele mesmo afirma categoricamente ter vindo de Deus e não dEle mesmo. Destaque-se que o verso 42 é ratificação do verso 40 que diz: “Mas agora procurais matar-me, a mim, homem que vos tem dito a verdade que de Deus tem ouvido;…” Como se pode perceber ao invés de se identificar como sendo Deus como prefeririam os trinitários, Jesus se identifica como o homem que disse a verdade ouvida da parte de Deus.

Jo. 11.22 “Mas também agora sei que tudo quanto pedires a Deus, Deus to concederá.” Marta confessa ver em Jesus alguém que teria suas orações ouvidas por Deus, mais a frente, ela o reconhece como “o Cristo, o Filho de Deus” (v.27) e no verso 41, todos o viram orar. Certamente nenhum deles iriam supor, e nem a Bíblia o diz, que Deus na terra (já que se afirma que ele é 100% Deus) estivesse orando a Deus no céu.

João também registra a profecia de Caifás, Sumo-sacerdote naquele tempo quando disse que convinha “que um homem morra pelo povo, e que não pereça a nação” (Jo. 11.50-52). Após o milagre da ressurreição de Lázaro, o Sumo-sacerdote recebeu de Deus uma palavra profética, conforme alega João, não de que Jesus fosse Deus, mas um homem que morria pelo povo.

Jo. 13.10 “… mas o Pai, que está em mim, é quem faz as obras.” É fácil encontrar nas literaturas trinitarianas que os grandes milagres que Jesus fez provam a sua deidade, mas Jesus mesmo diz diferente, ele atribui sua fonte de poder e realização ao Pai, mostrando que sua capacidade vem DELE.

Jo. 16.27 “Pois o mesmo Pai vos ama, visto como vós me amastes, e crestes que saí de Deus. 28 Saí do Pai, e vim ao mundo…” Expressões como essas onde Nosso Senhor Jesus Cristo afirma haver saído de Deus e não que era o próprio Deus, parecem ser inconscientemente rejeitadas por muitos cristãos de hoje, e este é apenas um dentre os muitos e muitos versículos onde Jesus se distingue de Deus quando diz que saiu de Deus e diz também “saí do Pai”. Para Jesus, e nós deveríamos crer e respeitar a crença de Nosso Salvador, Deus é o Pai dele e nosso, dele por geração e nosso por adoção. Aliás faz parte da adoção para salvação reconhecer isso: “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” (Jo. 17.3) Para Jesus o único Deus verdadeiro é o Pai a quem ele estava orando naquele momento, e Paulo, o apóstolo, que nos aconselhou a sermos seus imitadores como ele foi de Cristo, confirma que Deus é um só e esse “um só”, não dois ou três, é unicamente o Pai, I Co.8.6 “Todavia para nós há um só Deus, o Pai”.

Jo. 17.3, o bem conhecido verso “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”. Claramente João registra a oração de Jesus, onde Ele diz que o Pai é o único Deus verdadeiro e, Ele Jesus é o seu enviado. A Bíblia diz que o Filho foi enviado pelo Deus verdadeiro e não que o Deus verdadeiro enviou o Deus verdadeiro.

Outro versículo clássico que mostra de forma muito clara que Jesus não é o próprio Deus é Jo. 20.17 “… mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus.” Aqui ele se revela IRMÃO e não “Deus” de seus discípulos e apóstolos, e, mais ainda que o Pai e Deus de seus seguidores era também Pai e Deus dEle. Será que não devemos respeitar esse ensino claro de Jesus e arrumar argumentos à moda católica romana para o deificar?

Muitos usam a expressão “meu Deus e vosso Deus” para dizer que o Pai era Deus de Jesus de forma diferente de como o Pai é nosso Deus, simplesmente porque Jesus usou “meu” e “vosso” ao invés de “nosso”. Insinuam com isso que Deus é de uma forma Deus de Jesus (porque também ele “seria” Deus) e de outra forma Deus dos discípulos por causa dessas palavras. Mas tal ideia não encontra apoio nas escrituras, pois lemos em Jl. 1.13, por exemplo, “Cingi-vos e lamentai-vos, sacerdotes; gemei, ministros do altar; entrai e passai a noite vestidos de saco, ministros do meu Deus; porque a oferta de alimentos, e a libação, foram cortadas da casa de vosso Deus.”, aqui Joel usa “meu Deus” e “vosso Deus”, e, apesar dessas expressões não se pode alegar qualquer diferenciação de como o Pai é Deus de ambos (de Joel e dos judeus). Paulo também disse: “Graças dou ao meu Deus, lembrando-me sempre de ti nas minhas orações;” (Fl. 1.4) Será que o Deus de Paulo não era de igual modo Deus de Filemon? Ou mesmo At. 7.37 onde lemos: “Este é aquele Moisés que disse aos filhos de Israel: O Senhor vosso Deus vos levantará dentre vossos irmãos um profeta como eu; a ele ouvireis.” Não será o Deus dos filhos de Israel, de igual modo Deus de Moisés?

Há vários outros versículos em João mesmo onde está explícita distinção não somente de filiação, mas na Deidade, Deus é Deus e Pai, o Filho é Senhor e Salvador constituído por Deus. Como se pode perceber há uns poucos versículos de João que apenas parecem defender uma suposta igualdade entre Deus e seu Filho Jesus Cristo, mas todo o restante do Evangelho de João diz exatamente o contrário. E aqueles versos devem ser contextualizados considerando o modo de escrever do evangelista.

Is. 43.11,12

Alguns reivindicam Is. 43.11,12 “Eu, eu sou o Yahweh, e fora de mim não há Salvador. 12 Eu anunciei, e eu salvei, e eu o fiz ouvir, e deus estranho não houve entre vós, pois vós sois as minhas testemunhas, diz o Yahweh; eu sou Deus.”, dentre outros semelhantes para afirmar que se Jesus não é Yahweh, nosso Deus, não poderia salvar a humanidade, pois o versículo diz claramente que “fora de mim (Yahweh) não há Salvador”, no entanto, essa conclusão é apressada e não considera o contexto bíblico como base para a argumentação. Primeiro porque a Bíblia diz que Yahweh é um, não dois ou três. Leia-se Dt. 6.4. Além disso as Escrituras mostram, por exemplo, Deus dando um salvador ao seu povo em II Rs. 13.5 “E Yahweh deu um salvador a Israel, e saíram de sob as mãos dos sírios; e os filhos de Israel habitaram nas suas tendas, como no passado”, o verso diz muito claramente que DEUS “deu um salvador”, mas a Salvação continua provindo de Deus porque foi ele quem “deu um salvador”. Não há cabimento afirmar que o “Salvador” constituído esteja propiciando uma salvação que não tenha origem em Yahweh. Assim, se mantém intacta a afirmação de Is. 43.11 e 12, sem contundo forçar a ideia de que esse salvador dado por ele seja ele próprio.

Há várias provas bíblicas que Deus constitui o seu escolhido para ser salvador e isso se revela não somente nos dias do antigo Israel como em II Rs. 13.5, mas, também, em Jesus Cristo Salvador do mundo, sem excluir, em absoluto, a origem da salvação que é o próprio Pai, Deus:

Is. 19.20 “E servirá de sinal e de testemunho a Yahweh dos Exércitos na terra do Egito, porque a Yahweh clamarão por causa dos opressores, e ele lhes enviará um salvador e um protetor, que os livrará.” Mais uma vez vemos que Yahweh, pai de Nosso Senhor Jesus, enviaria um salvador, então, esse salvador traria a salvação de Deus. Ele seria constituído por Deus salvador. A origem da salvação continua a mesma, Deus. O apóstolo João testifica fato semelhante quando diz: “… o Pai enviou seu Filho para Salvador do mundo.” (I Jo. 4.14)

Sl. 28.8 “Yahweh é a força do seu povo; também é a força salvadora do seu ungido.” Deus, Yahweh, é a força salvadora do seu ungido, por isso é que não há salvação fora de Yahweh, pois é ele quem provê a força da salvação que vemos em Cristo Jesus, e Nosso Senhor mesmo cita Isaías em Lc. 4.18 “O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados do coração,” e é daí que decorre a afirmação contida em At. 5.31 “Deus com a sua destra o elevou a Príncipe e Salvador, ….”

Is. 49.6 “Disse mais: Pouco é que sejas o meu servo, para restaurares as tribos de Jacó, e tornares a trazer os preservados de Israel; também te DEI para luz dos gentios, para seres a minha salvação até à extremidade da terra.” Esse verso também está em conformidade com At. 5.31 e mais ainda com At. 4.12 “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, DADO entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.” Então, será que por causa de uma determinada compreensão paradigmatizada de forma incorreta do que Isaías escreveu Deus estaria impedido/proibido de constituir alguém como Salvador para levar SUA salvação aos homens? Será que esses versículos não são explícitos quanto ao fato de ELE haver constituído um Salvador para levar a sua salvação não somente a Israel, mas também aos gentios?

O Cumprimento se vê confirmado em Lc. 1.69,70 ao ser informado que Deus “… nos levantou uma salvação poderosa na casa de Davi seu servo. Como falou pela boca dos seus santos profetas, desde o princípio do mundo;” Perceba que Deus levantou uma salvação poderosa na “casa de Davi”, ou seja, pela via da sucessão humana, e não a própria Deidade vindo à terra para salvar o povo!

Lc. 2.29,30 “Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, Segundo a tua palavra; Pois já os meus olhos viram a tua salvação,” Muito claramente Simeão orou louvando a Deus agradecendo o fato de ter visto a Salvação dELE. Simeão orou a Deus e não a um possível “menino-Deus” em seus braços, não havia um motivador textual bíblico, cultural ou mesmo subentendido para que aquele velho homem judeu e monoteísta fizesse uma oração a um menino achando que fosse Deus, ele orou a Deus mesmo, o Pai daquela criança e via nela a concretização da salvação de Deus. A compreensão dele é clara. Deus havia cumprido sua promessa enviando a Salvação e não vindo ELE próprio.

At. 13.23 “Da descendência deste, conforme a promessa, levantou Deus a Jesus para Salvador de Israel”. Todos esses versos mostram que não precisamos acreditar em uma “trindade” dentro/na Deidade para sermos salvos, pois claramente se mostra que quem levantou Jesus para Salvador foi Deus, o único que poderia fazer isso por ser o único Salvador, outro não poderia constituir qualquer salvador, pois fora dELE não há salvação.

Jesus ressuscitou a ele mesmo?

Teria Jesus ressuscitado a si próprio? Bem, alguns afirmam que sim ao lerem Jo. 10.17 “Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. 18 Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai.” Mas estes versos estão falando da sua possível capacidade de uma auto-ressuscitação ou querem dizer outra coisa?

A Bíblia do Peregrino, parece ter se preocupado com o sentido do verbo λαμβάνω “lambánô” (que significa também receber, tomar, recuperar) no subjuntivo λάβω “lábô”, empregado por Jesus, o qual denota: possibilidade, desejo ou propósito; ao traduzir os versos da seguinte forma: “Por isso o Pai me ama, porque dou a vida, para recuperá-la depois. 18 Ninguém a tira de mim; eu a dou voluntariamente. Tenho poder para dá-la e recuperá-la depois. Este é o encargo que recebi do Pai.” Esta parte final ainda pode ser traduzida por “Tenho autoridade para dá-la, e autoridade para, novamente, recebê-la”.

Dizer que Jesus ressuscitou a si mesmo por causa desse verso ou de Jo. 2.19 que trazendo para a primeira pessoa é compreendido como “Matai-me e em três dias eu me levantarei”, produz algumas estranhas conseqüências, pois como poderia estar morto se iria pronunciar sua própria ressurreição? Seria uma morte aparente? Se a parte “Deus” de Jesus ressuscitou sua parte “homem”, então, não se pode dizer, como defendem os trinitaristas, que “Deus se fez carne para morrer pela humanidade”, visto que Deus não morre. E, se Deus não morre, qual o espírito que dava vida a Jesus enquanto homem? Ele tinha, ou tem dois espíritos? Um que o tornava passível de morte e outro que era Deus? Se a possibilidade da morte de “Deus” decorreu do entendimento do esvaziamento dito em Fp. 2.6, dentro da visão trinitariana, então, Ele na terra não era Deus, mas apenas homem?

Bem, voltando para Jo. 10.17, percebamos que Ele tinha o poder de dar sua vida (…por que dou a minha vida), mas atente que esse poder não significava e nem queria dizer que ele iria amarrar seus próprios punhos, chicotear a si próprio, construir a coroa de espinhos e cravar-lhe a própria cabeça, e se dirigir ao destacamento romano, apresentando-se a um general, que consequentemente o levaria a Pilatos, e lá iria se autoproclamar culpado e atendendo ao pedido dos judeus, se jogar na cruz e martelar os cravos em, pelo menos três de seus membros na madeiro e solicitar ao soldado que martelasse a última mão livre. Claro que não! Esse poder era a ação de deixar acontecer aquilo que o Pai determinou e não atuar como executor de sua própria prisão e morte. Assim, Jesus deixou os eventos que o levariam à morte acontecerem não sendo Ele seu próprio carrasco conforme provado em Jo. 18.11 quando lemos: “Disse, pois, Jesus a Pedro: Mete a tua espada na bainha; não hei de beber o cálice que o Pai me deu?” e ainda Mt. 52 “Então Jesus disse-lhe: Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão. 53 Ou pensas tu que eu não poderia agora orar a meu Pai, e que ele não me daria mais de doze legiões de anjos?”; logo, Jesus, analogamente, estava consciente do destino de sua ressurreição ao dizer em Lc. 23.46 “… Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isso, expirou.”, e, de igual modo não foi o executor de sua ressurreição como não foi da sua morte. Mas, como termos certeza disso? Basta verificarmos os versículos que tratam do assunto!

Em Atos lemos: At. 2.24 “Ao qual Deus ressuscitou, soltas as ânsias da morte, pois não era possível que fosse retido por ela” At. 2.32 “Deus ressuscitou a este Jesus, do que todos nós somos testemunhas.” At. 3.15 “E matastes o Príncipe da vida, ao qual Deus ressuscitou dentre os mortos, do que nós somos testemunhas.” At. 4.10 “Seja conhecido de vós todos, e de todo o povo de Israel, que em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, aquele a quem vós crucificastes e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, em nome desse é que este está são diante de vós.” At. 5.30 “O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, ao qual vós matastes, suspendendo-o no madeiro.” At. 10.40 “A este ressuscitou Deus ao terceiro dia, e fez que se manifestasse,” At. 13.30 “Mas Deus o ressuscitou dentre os mortos.” At. 13.37 “Mas aquele a quem Deus ressuscitou nenhuma corrupção viu.”

Em Romanos lemos: Rm. 4.24 “Mas também por nós, a quem será tomado em conta, os que cremos naquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus nosso Senhor”, Rm 8:11 “E, se o Espírito daquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dentre os mortos ressuscitou a Cristo também vivificará os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita.” Rm 10.9 “A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.”

Em Coríntios temos: I Co 6.14 “Ora, Deus, que também ressuscitou o Senhor, nos ressuscitará a nós pelo seu poder.” I Co 15.15 “E assim somos também considerados como falsas testemunhas de Deus, pois testificamos de Deus, que ressuscitou a Cristo, ao qual, porém, não ressuscitou, se, na verdade, os mortos não ressuscitam.” II Cor. 4. 14 “Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará também por Jesus, e nos apresentará convosco.” Podemos encontrar esse mesmo testemunho em Gl. 1.1; Cl. 2.12; I Ts. 1.10; I Pe. 1.21.

O mais resistente poderia dizer que quando a Bíblia diz que Deus o ressuscitou dentre os mortos estaria falando também de Jesus, já que, no conceito trinitário, Ele é Deus, mas a Bíblia não querendo deixar dúvidas de que não somente Jesus não é Deus, como, também, não se auto-ressuscitou, claramente identifica quem operou a ressurreição. Leiamos Gl. 1.1 “Paulo, apóstolo (não da parte dos homens, nem por homem algum, mas por Jesus Cristo, e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos)”.

Deus morreu por nossos pecados!

O título dessa postagem é uma afirmação comum em meios trinitarianos, onde se defende que Deus precisaria morrer para fazer o resgate da humanidade de forma plena e eficiente. O escritor Jefferson Ramalho, por exemplo, apenas segue outros trinitaristas ao dizer: “Para que o homem pudesse ser salvo por intermédio da entrega sacrificial de Cristo, seria obrigatoriamente necessário que este fosse Deus”1

.A afirmação por si só já é digna de uma análise mais detida, pois a Bíblia afirma categoricamente que Deus não morre em I Tm. 1.17, e, a expressão “seria obrigatoriamente necessário” chega a ser apenas retórica, considerando que na Bíblia não há absolutamente nada escrito que confirme essa ideia. Além de estar registrado que Deus é imortal, as Escrituras dizem que quem morreu foi seu Filho, o Cristo, e não Deus mesmo, Rm. 5.10 “Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho…” Até o Sumo-sacerdote Caifás entendia, acertadamente, que um homem e não Deus deveria morrer pelo povo quando afirmou “… convém que um homem morra pelo povo, e que não pereça toda a nação” (Jo. 11.50) e essas palavras do Sumo-sacerdote não foram acidentais ou de ocasião; pois o apóstolo João testifica a origem celeste da afirmação: “Ora ele não disse isto de si mesmo, mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus devia morrer pela nação. 52 E não somente pela nação, mas também para reunir em um corpo os filhos de Deus que andavam dispersos.” Então, a profecia registrada nas Escrituras indica que o resgate do povo se daria pela morte de um homem e não pela “morte” de Deus. A afirmação da “morte de Deus” só justifica sua existência quando se descobre que o surgimento dessa ideia é posterior, mas muito posterior ao ensino bíblico sobre a salvação do homem. É uma frase surgida somente depois da deificação do Filho de Deus, ou seja, somente depois que elevaram Jesus ao status de seu próprio Pai é que a frase passa a fazer algum sentido de existência, embora continue sem sentido plausível se considerarmos somente a Bíblia como ponto de referência, conforme já pode ser percebido.

As profecias não apontam para a “morte de Deus”. Caifás, como já foi dito, confirmou isso quando profetizou, pois a transgressão entrou no mundo por um homem, Adão, e por outro homem, o segundo Adão, Jesus Cristo, as coisas foram corrigidas, Rm. 5.15,18 “Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa. Porque, se pela ofensa de um morreram muitos, muito mais a graça de Deus, e o dom pela graça, que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos … Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida”. Assim, ainda que muitos teólogos digam que o próprio Deus tenha morrido pessoalmente, o mesmo Deus, através de seus inspirados, diz que um homem, a semente da mulher, Gn. 3.15, Jesus Cristo, Filho de Deus, foi quem morreu e ressuscitou. Jamais, em absolutamente nenhum lugar, a Bíblia diz que Deus morreu.

A afirmação que “somente Deus poderia resgatar, pela sua própria morte, a humanidade” carrega uma contradição denunciada pela Bíblia. Se se considerar Jesus como o “Deus-Homem”, os trinitarianos precisarão, forçosamente admitir, posto que as Escrituras informam que Deus é imortal, que apenas a “parte ”2 homem de Jesus teria morrido e sua “parte”3 Deus permaneceria intacta. Mas, morte e ressurreição são realidades consequentes, ou seja, a segunda não se dá sem que tenha havido a primeira. Sem morte não há ressurreição! E, a esse respeito a Bíblia nos informa em I Co. 15.14 “E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé.”, essa realidade testemunha que a morte de Jesus foi uma morte factual e por isso capaz de validar a nossa fé para a ressurreição futura dos crentes. Ele, de fato, morreu e Ele, de fato, ressuscitou. Mas, se Ele é Deus, e Deus não morre, então quando alguém diz que “Deus precisou morrer para salvar os homens” esta frase é uma expressão de retórica que afirma algo falso, posto que se Ele fosse Deus seria imortal, e se foi a parte homem, então não se pode afirmar que “Deus morreu por nós”.

Tal ideia trinitária ainda traz outra implicação. Em Hb. 9. 15-17 “E por isso é Mediador de um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna. Porque onde há testamento, é necessário que intervenha a morte do testador. Porque um testamento tem força onde houve morte; ou terá ele algum valor enquanto o testador vive?” Quem foi mediador e é o testador do Nova Aliança? Se foi o “Deus Filho”4, então, este não morreu, porque Deus é imortal, logo, não é, também, o validador do testamento. Mas, se foi o Filho de Deus, então, este sim morreu e ressuscitou validando o Novo Testamento. Perceba que reconhecer um “Deus Filho” é, na verdade, invalidar a Nova Aliança, pois se este não pode morrer, por ser Deus imortal, então, é descumprido Hb. 9.15-17, e decorre que sem a morte do testador não há validade no Novo Testamento. Daí se percebe a contradição da frase “Deus precisou morrer”, que terminaria, na verdade, por anular a salvação ao invés de confirmá-la. Mas, graças a Deus que seu Filho morreu, plena e verdadeiramente, validando o Novo Pacto e ressuscitou para nossa justificação.

1 Ramalho, Jefferson in Jesus é Deus? Editora Reflexão – 2008, pág. 121
2 Ou sua natureza humana, conforme os ensinos trinitários. 
3 Ou sua natureza divina, conforme os ensino trinitário. Vale ressaltar que para um trinitário divindade é sinônimo de deidade. 
4 Aqui vale relembrar que a expressão “Deus Filho” não é uma designação bíblica de Jesus Cristo. A expressão bíblica é Filho de Deus e não são sinônimas.

Mc. 2.6

Usando o mesmo argumento dos fariseus, os defensores da pluralidade de pessoas em Deus, afirmam que quando Jesus curou o paralítico perdoando os seus pecados usou de uma prerrogativa que somente a Deus compete. No entender deles Jesus estaria se revelando como sendo o próprio Deus; mas leiamos o texto atentamente, Mc. 2.5: “ E Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: Filho, perdoados são os teus pecados. 6 Ora, estavam ali sentados alguns dos escribas, que arrazoavam em seus corações, dizendo: 7 Por que fala assim este homem? Ele blasfema. Quem pode perdoar pecados senão um só, que é Deus? 8 Mas Jesus logo percebeu em seu espírito que eles assim arrazoavam dentro de si, e perguntou-lhes: Por que arrazoais desse modo em vossos corações? 9 Qual é mais fácil? dizer ao paralítico: Perdoados são os teus pecados; ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito, e anda? 10 Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados ( disse ao paralítico ), 11 a ti te digo, levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa.” Percebamos que a própria Escritura nos informa que toda autoridade que Jesus tem é derivada do Pai, e ele de si mesmo nada pode fazer. Jo. 5.30 “Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma; como ouço, assim julgo; e o meu juízo é justo, porque não procuro a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.” Em At. 10.42 lemos ainda que: “Este nos mandou pregar ao povo, e testificar que ele é o que por Deus foi constituído juiz dos vivos e dos mortos.”, e as mesmas pessoas que presenciaram o episódio de Mc. 2, não assimilaram o evento como uma revelação de que Jesus fosse Deus por haver feito aquilo, pelo contrário, perceberam que ele era aquele que recebera de Deus tal poder, pois na seqüência do milagre lemos a conclusão: “a multidão, vendo isto, maravilhou-se, e glorificou a Deus, que dera tal poder aos homens” (Mt. 9.8).

Mt. 9.4

Uma questão bastante interessante é vermos a afirmação de que Jesus é onisciente, assim como o Pai é, mesmo na existência Mc. 13.32.!

Os versículos usados para atribuir onisciência a Jesus, são basicamente aqueles que dizem que Nosso Senhor Jesus Cristo conhecia os corações e pensamentos, como em Mt. 9.4 “Mas Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse: Por que pensais mal em vossos corações?” ou Mc. 2.8 “E Jesus, conhecendo logo em seu espírito que assim arrazoavam entre si, lhes disse: Por que arrazoais sobre estas coisas em vossos corações?”; no entanto, tais versículos refletem o poder que Deus lhe deu, como também nós poderemos ter I Co. 12.10 “E a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas.” O próprio apóstolo Pedro revelou, pelo Espírito, ter essa capacidade de saber das coisas sem que nenhum ser humano o houvesse informado a respeito, em At. 5.3 “Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade?” Como Pedro poderia saber que Ananias havia mentido? Isso reflete, por acaso, alguma onisciência em Pedro? Certamente apenas ciência, mas não onisciência.

Voltando para Mc. 13.32 lemos “Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, senão o Pai”. Antes de falar do Filho nesse versículo vale destacar que quando a Bíblia diz “ninguém sabe … senão só o Pai” isto não exclui apenas os anjos e Jesus, mas também o Espírito Santo acerca do qual ninguém pode alegar estar em carne, ter sido feito homem ou se esvaziado. Uma coisa é conhecer a pessoa outra é saber o que ela sabe. Mesmo conhecendo bem nossos pais, filhos, parentes e amigos, não sabemos o que exatamente eles sabem, podemos apenas conhecer algo do que sabem, mas não a totalidade de seus conhecimentos. Tanto o Espírito Santo quanto Jesus conhecem o Pai em profundidade, mas não sabem o que ELE sabe. Nosso Senhor Jesus Cristo não sabia o dia de sua volta (nem o Filho), e quando disse que não sabia é porque não sabia mesmo, pois foi Ele quem nos ensinou em Mt. 5.37: “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não; pois o que passa daí, vem do Maligno.” Afirmar que Jesus tenha dois centros de consciência e que ora falava por um centro, ora pelo outro é um artifício “teológico” que, buscando justificar a impossível doutrina da igualdade absoluta de Jesus, nosso Senhor, com Deus, seu Pai, terminou por transformá-lo em um indivíduo de dupla personalidade ou um dissimulado que mesmo sabendo dizia que não sabia, ou que por um critério completamente desconhecido oscilava em suas respostas, ora por um “centro de consciência”, ora por outro, como se fosse duas pessoas, ainda que a doutrina da união hipostática afirme que há duas naturezas em uma única pessoa e não duas pessoas em um único ente. 

O agravante desse conceito é que precisaríamos reconhecer que não haveria comunicação entre os dois centros de consciência, pois como a informação poderia estar presente na consciência do “Deus-Cristo” e não estar disponível ao Homem-Cristo, além do mais a “detectação” por qual dos centros de consciência Jesus estaria falando fica a critério do leitor, atribuindo as falas de Nosso Senhor a uma fala “como homem” ou “como Deus” dependendo da ocasião, quando sequer esse tipo de arranjo é mencionado na Bíblia. Agostinho tenta resolver essa dificuldade trinitária alegando que “Ele [Jesus] ignora o que não quer dar a conhecer, isto é, ignorava-o para manifestá-lo aos discípulos”1, mas estranhamente ele também disse na mesma obra: “Quem considera que Deus agora se esquece e depois se lembra, ou têm outras opiniões semelhantes, está totalmente em erro…”2. O curioso é que dizer que Deus é um e único, no sentido estrito da palavra, como sempre foi ensinado, por milhares de anos pela Bíblia, agora é considerado uma heresia, mas dizer que Jesus tem dois centros de consciência e “ignora o que sabe para não dar a conhecer as coisas aos discípulos”, depois de Jesus mesmo ter dito que nosso falar deve ser “Sim, sim; não, não”, é estranhamente considerado doutrina bíblica e ortodoxia cristã por alguns. As Escrituras dão provas que Jesus tinha apenas uma e plena consciência de quem era e o que fazia aqui na terra, e a usava sem qualquer perda de memória, polarização ou oscilação, também mantinha plena lembrança do seu período pré-encarnação. Em Jo. 6.62, por exemplo, lemos “Que seria, pois, se vísseis subir o Filho do homem para onde primeiro estava?” e, ainda Jo. 17.5 “Agora, pois, glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse.” Há quem reivindique Jo. 16.30 “Agora conhecemos que sabes todas as coisas..”, como prova da onisciência de Jesus, mas aqui seria trocar as palavras dEle, Jesus, que disse: “Eu não sei a data” Mt. 24.36, pelas dos discípulos que disseram “sabes todas as coisas”. Mas, há contradição? Claro que não! Basta ler o contexto de Jo. 16 para perceber que os discípulos, ao dizer “sabes tudo” estavam se referindo as perguntas feitas a Cristo e que Ele as haviam respondido todas, de modo que concluíram “não necessitas de que alguém te interrogue. A própria Bíblia diz que: “E vós tendes a unção do Santo, e sabeis tudo” ( I Jo. 2.20). Seríamos nós também oniscientes? ” Ora, se ao termos a unção pode-se dizer que sabemos tudo, muito mais Aquele que foi ungido seu Pai. Além do mais não podemos ter essas palavras dos discípulos como uma avaliação cabal e plena do conhecimento de Jesus pois, para isso eles, os discípulos, precisariam saber de tudo também para poderem mensurar e dizer com propriedade, atestando, que Jesus sabia de tudo. Outro versículo também usado, nessa mesma linha, é Jo. 21.17 “Disse-lhe terceira vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Simão entristeceu-se por lhe ter dito terceira vez: Amas-me? E disse-lhe: Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo. Jesus disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas.” Mas, nesse versículo de João os requerentes esquecem de avaliar a condição pretérita de Nosso Senhor Jesus Cristo, pois se ele fosse Deus na eternidade passada, um co-igual com o seu Pai, ele saberia, consequentemente, o dia da volta antes de encarnar. Ai surgem as dificuldades: Jesus teria esquecido? Só seria onisciente eventualmente enquanto na terra? O despojamento preconizado em Fl. 2.6 significou despojamento também de mente e memória? A essas perguntas a Bíblia é claríssima:

Jo. 1.27 “Este é aquele que vem após mim, que é antes de mim, do qual eu não sou digno de desatar a correia da alparca.”

Jo. 3.12 “Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais?” (lembrava das coisas celestiais)

Jo. 8.28 “… e que nada faço por mim mesmo; mas falo como meu Pai me ensinou.” (lembrava do ensino do Pai)

Jo. 6.62 “Que seria, pois, se vísseis subir o Filho do homem para onde primeiro estava?” (lembrava de sua antiga posição)

Jo. 12.49 “Porque eu não tenho falado de mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, ele me deu mandamento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de falar.” (lembrava dos mandamentos do Pai sobre o que falar)

Jo. 17.5 “Agora, pois, glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse.” (lembrava da glória que tinha, antes mesmo do mundo existir)

Jo. 18.36 “Disse-lhe, pois, Pilatos: Logo tu és rei? Jesus respondeu: Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.” (lembrava os motivos que o fizeram vir ao mundo)

Lc. 13.43 “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha os seus pintos debaixo das asas, e não quiseste?” (lembrava das tentativas de resgate de seu povo)

O próprio profeta de Deus, João Batista, testifica de que ele era antes dele, mesmo sendo mais velho seis meses. Jo. 1.30 “Este é aquele do qual eu disse: Após mm vem um homem que é antes de mim, porque foi primeiro do que eu.”

A Bíblia em absolutamente lugar algum diz que Jesus Cristo, Nosso Senhor, tenha esquecido as coisas de sua vida pré-encarnação. Nada se fala de um apagar da mente do Salvador. De um despojar das lembranças. Pelo contrário, não com poucas ocorrências, mostra-se que ele tinha plena consciência das coisas passadas. Muitos insistem em dizer que Jesus estava em sua condição humana, mas como vimos a condição humana não apagou as lembranças do passado celestial. Pois bem, se ele não esqueceu absolutamente nada de sua vida passada com o Pai, antes de o mundo existir, e testemunha isto diante de todos, isso significa que ele não sabia, de fato, o dia de sua volta, mesmo antes de encarnar e continuou sem saber na terra. É uma conclusão inevitável que decorre dos versos que falam de sua memória pretérita. E, se ele não sabia e continuou não sabendo na terra, pois não esqueceu nada do passado, mostra que falta nele um dos atributos de seu Pai, Deus: A onisciência.

Se alguém alegar a condição terrena de Jesus para o seu desconhecimento de sua vinda, então, também não poderá reivindicar onisciência que costumam alegar como acontece com o uso que fazem, por exemplo, de Lc. 10.22 “Tudo por meu Pai me foi entregue; e ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar”, primeiro porque aqui está dito “Tudo por meu Pai me foi entregue” e segundo porque esse conhecimento entregue ao Filho pelo Pai é partilhado com quem o Filho quiser revelar, implicando dessa forma na percepção de que conhecer o indivíduo é conhecer o seu caráter, suas características e coisas do gênero e não força a conclusão de que isso signifique saber o que ele sabe, doutra sorte “aquele a quem o Filho o quiser revelar” saberia tanto quando o Pai e o Filho sabem e essa conclusão não é plausível dentro da Bíblia, muito mais quando lemos em Jo. 12. 49 “Porque eu não tenho falado de mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, ele me deu mandamento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de falar”. Ora, uma mente onisciente entre o Pai e o Filho implicaria dizer que nada é oculto ao Filho, mas não é isso que o próprio Filho testifica nesse verso. Está claro que ele recebeu do Pai . A Bíblia não querendo deixar dúvida da limitação e dependência de Jesus, além de todos os versículos já mostrados, o apresenta recebendo revelação da parte de Deus, mesmo em sua condição de glorificado, para poder comunicar aos seus servos as coisas que estariam por acontecer em Ap. 1.1 “Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu, para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer…”

Assim, nenhuma resposta satisfatória ou ao menos plausível foi dada, até hoje, à passagem de Mc. 13.32: “Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, senão o Pai.”, pois se Ele, Jesus Nosso Senhor, era onisciente por versículos como Mt. 9.4 e Mc. 2.8 porque, então, Ele mesmo diz não saber o dia de sua volta? É possível a um onisciente, assim defendido como tal com base naqueles versículos, não saber alguma coisa?

1 Agostinho in A trindade, Paulus Editora, 2ª Edição – 1994, pág. 54

2 Idem, pág. 24

Mt. 28.18

A onipotência de Jesus!

Curiosamente os próprio versículos que são apresentados para “atestar” a onipotência de Jesus, nosso Senhor, são justamente aqueles que mostram sua dependência de uma fonte de poder que não é ele mesmo.

Como exemplo temos a afirmação de que Jesus é inerentemente Onipotente baseados, em geral, em Mt. 28.18 “E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra.” ou então Mt. 11.27 “Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, ….”. Mas, a primeira observação que devemos fazer aqui é acerca da expressão traduzida por “poder”, pois ao lermos “todo o poder” logo deduzimos que Jesus é todo-poderoso e, por consequência teria, então, um status, no mínimo igual ao do Pai, a quem a Bíblia chama de “Todo-Podereso”, mas “todo o poder” nesse trecho é, em grego, “πᾶσα ἐξουσία”, diferente daquela usada para dizer que Deu, o Pai, é Todo-Poderoso (παντοκράτωρ (1), como, por exemplo, em II Co. 6.18, “E eu serei para vós Pai, E vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso”. Na verdade “ἐξουσία” tem conotação de autoridade, não exatamente poder e seria melhor traduzido por “Toda autoridade me foi dada no céu e na terra”. A tradução dessa palavra por “autoridade” é encontrada em Lc. 10.19 “Eis que vos dei autoridade (ἐξουσίαν) para pisar serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder (δύναμιν) do inimigo; e nada vos fará dano algum”. De qualquer forma perceba que em ambos os casos vemos uma fonte de “poder” (a palavra original é autoridade) da qual emana a capacidade do Filho e que não é o próprio Filho. Em um verso se diz “É-me dado todo o poder” e no outro é dito “Todas as coisas me foram entregues”. Ele é o receptáculo e não a origem do poder ou autoridade. Se ele hoje tem todo poder, esse lhe foi dado em determinado momento pelo Pai.

Assim, vemos que Filho não é inerentemente onipotente, na verdade, o verso fala de autoridade que foi traduzido por “poder” em nossas Bíblias. Todo o poder que Ele tem lhe foi dado pelo Pai. Em sua condição terrena lemos em Jo. 10.18 “Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho autoridade para a dar, e tenho autoridade (ἐξουσίαν) para retomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai.”(ARA) Após a ressurreição lemos em Mt. 28.18 “E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra.” E, no mundo vindouro ele se sujeitará a Deus mostrando que não é um co-igual, ou seja, não é o mesmo que Deus é, como sugere o credo atanasiano, I Co. 15: 27 “Pois se lê: Todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz: Todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas. 28 E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o próprio Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos.” Perceba aqui a questão que Paulo faz em distinguir e destacar que UM não lhe está sujeito, justamente aquele que todas as coisas lhe sujeitou. Como podem ser co-iguais se há UM que lhe sujeita as coisas? E se são o mesmo Deus como alegam os trinitários, por que Paulo insiste em dizer que quem lhe sujeitou as coisas não lhe está sujeito? Se na mente de Paulo os dois fossem co-iguais essa declaração não teria sentido. Em várias outras ocorrências vemos Jesus mostrar sua limitação e total dependência de Deus, seu Pai: João 5.19, 30, 36; 8.28; 14.10,11, 31. A Bíblia mostra que os milagres de Jesus decorrem da atuação de Deus na vida dele “Homens israelitas, escutai estas palavras: A Jesus Nazareno, homem aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis” (At. 2.22)

1 Exsitem sete ocorrências da palavra παντοκράτωρ (pantokratôr) no N.T além da citada encontramos outras seis em Apocalipse: 1.8, 4.8, 11.17, 15.13, 16.7, 19.6, 21.22



COMMA JOANINA

1 João 5,7
Entre as críticas levantadas contra Erasmo, uma das mais sérias, foi a acusação de que no seu texto, em I João 5:7-8, não apareciam as palavras: “no céu, o Pai, a Palavra e o Espírito Santo, e estes três são um; e há três que testemunham na terra”. Erasmo replicou que não encontrara estas palavras em nenhum manuscrito antigo e descuidadamente fez a afirmação que inseriria a “Comma Joanina”, do latim Comma Johanneum, como é chamada nas edições futuras, se um único manuscrito grego fosse encontrado, anterior ao século XII, que contivesse a passagem. Este manuscrito lhe foi mostrado, e Erasmo, cumprindo a promessa, colocou a passagem na terceira edição de 1522, porém, em longa nota marginal indica suas suspeitas de que o manuscrito fora preparado para confundi-lo. Segundo Bruce em “The Text of the New Testament”, página 101, este manuscrito foi falsamente preparado lá por 1520 por um monge franciscano, que tomara estas palavras da Vulgata Latina.
A Crítica Textual esclarece que dos milhares de manuscritos gregos, somente três contêm esta passagem espúria, sendo eles posteriores ao século XII. A Comma Joanina, provavelmente teve a sua origem num comentário exegético, escrito na margem e transcrito para o texto de manuscritos da Vulgata Latina antes do ano 800 A.D. Em vista de sua inclusão na Vulgata Clementina de 1592, o Santo Ofício em Roma (1897) fez um pronunciamento, aprovado pelo Papa Leão XIII, dizendo que não é seguro negar que estas palavras não sejam de João.

 fonte original e fontes de pesquisa: jesus historico a noticia gospel

segunda-feira, 5 de março de 2012

Existe inferno nas escrituras?

Muitas pessoas me questionam acerca da palavra inferno, pois como todos sabem, este conceito é mais um que não existe no judaismo. Vamos analisar:

A palavra inferno vem do latim inferii e significa lugar inferior. A idéia de inferno como um lugar de fogo para onde vão almas incorpóreas condenadas não se encontra nas Escrituras, apesar de aplicações que se fazem de textos simbólicos e parábolas.
Também a palavra inferno não faz parte do texto original Das Sagradas Escrituras como acontece com as palavras evangelho, batismo e outras que estão nas bíblias na nossa língua.

A palavra inferno foi colocada nas traduções em português para substituir quatro outras palavras com significado completamente diferente do conceito religioso popular de inferno. Isso ocorreu devido à crença que o tradutor nutria previamente e que o influenciou a colocar a palavra inferno nas traduções que fez.
Algumas Bíblias antigas trazem inferno em I Cor 15:55 mas algumas modernas como a Almeida Atualizada trás “morte”, que é o correto. O mesmo ocorre em Apoc 20:13 onde se lia “a morte e o inferno”, encontra-se agora, “a morte e o além”, mas a palavra lá é hades (grego) e significa “sepultura”.

A doutrina do inferno é de origem grega e romana e as pessoas são induzidas a crer nela pela formação religiosa anterior que receberem além das falhas das traduções que geralmente usam e fortalecem um pensamento anti-escritural.
As quatro palavras que foram erroneamente traduzidas por “inferno” são:

1. GEENA (hebraico) que é uma forma simplificada da expressão ge (vale) bem (filho) e Hinom (nome da família proprietária da área), ou seja, vale dos filhos de Hinom. Essa palavra se encontra no novo testametno como em Mateus 5:22, 29 e nada tem a ver com um inferno de fogo eterno. Era um vale onde, no passado, se fazia sacrifícios humanos e se queimavam os corpos de pessoas aos ídolos. O profeta Jeremias profetizou que ali seriam lançados os corpos dos desobedientes e que ali ficariam expostos (Jer. 7:31-34). Nos dias do Messias o local continuava a ser depósito de animais e lixo em putrefação e os moradores sempre ateavam fogo para consumir os restos ali deixados. Esse lugar ELE usou para simbolizar o fim trágico que aguarda os desobedientes. Apenas corpos físicos eram consumidos no GEENA por isso que havia bichos nos corpos podres, coisa que almas não têm. Não tem nada a ver com almas num fogo eterno.


2. HADES (grego) usada no NT juntamente com Sheol (hebraico) usada no AT significam “sepultura, lugar dos mortos, morada dos mortos”. Entre outros textos esta palavra (hades) encontra-se em Apoc. 20:13. Aqui o inferno (na verdade a sepultura) é o lugar onde estão os mortos, pois ele mesmo, o inferno=sepultura, é lançado no lago de fogo onde é destruído (Apoc. 20:14) pois a sepultura é o símbolo da morte que O Messias destruiu. Sheol, seu equivalente hebraico, também significa sepultura, sendo equivocadamente traduzida por “inferno”. Em Jó 17:16 declara-se que os mortos ficam no pó e em Isaias. 14:9-11 se declara que o inferno (sheol) é um lugar onde os bichos comem os cadáveres. Também nada a ver com lugar de fogo eterno. Aliás, ainda em Apoc. 20:10 se diz que o próprio Diabo somente será lançado no lago de fogo, que se forma quando O Messias volta no Juízo Final, quando O Altísimo derrama fogo do céu. No verso 14 diz que o próprio inferno (sepultura) também é lançado nesse final lago de fogo.

3. TANATO (grego). Esta palavra ocorre em vários lugares, mas é traduzida em I Cor. 15:55 como inferno. Na realidade a falha de tradução foi tão clara que nem os que crêem no inferno tradicional mantiveram o erro, e corrigiram na Almeida Atualizada. Lá diz “onde está ó morte (tanato) a tua vitória onde está ó inferno (tanato=morte) o teu aguilhão?” O verso 54, anterior, diz que a morte (inferno) perde a vitória e o aguilhão porque O Messias nos dá a imortalidade. Também não tem nada a ver com um lugar de fogo onde as pessoas ficam queimando.

4.TARTAROS. A quarta e última palavra é TÀRTAROS (lugar de trevas). Esta palavra ocorre no português apenas uma vez em II Pedro 2:4. O próprio texto declara que os anjos foram expulsos da presença do Eterno, ou seja, onde está a verdadeira luz, para o exterior que são as trevas, privados da luz do céu onde moravam e sem ela neles uma vez que pecaram. Conforme diz o texto esse “inferno” também não tem fogo, somente a escuridão da ausência do Eterno. Além do mais, em harmonia com Apoc, 20:9,10,14 eles estão aguardando o Juízo Final quando, somente então, serão lançados no Lago de Fogo produzido pelo fogo que desce do Céu e que os destrói juntamente com os que rejeitaram a salvação do Messias. Esta palavra, a última, também nada tem a ver com o inferno tradicional.


Surge então a pergunta: e o fogo eterno que diz Apoc. 20 se formará depois do milênio com o fogo e enxofre que desce do céu?

A expressão eterno é “aion” (grego) que significa uma duração relativa ao que se refere. Pode estar falando que é eterno sem fim ou que é eterno “enquanto dura” como disse certo poeta. Ou seja, precisamos examinar o contexto para saber se é eterno sem fim ou eterno até que acabe.

Em Apoc. 20:10 diz que serão atormentados pelos séculos dos séculos (“aion ton aion” em grego= para sempre, eternamente conforme algumas traduções). Mas esse “pelos séculos dos séculos é previamente explicado no verso anterior, o v. 9 que diz que o fogo que desceu “do céu os CONSUMIU”, logo, serão atormentados eternamente até que toda a substância seja consumida, e seu resultado, a destruição, será eterna, pois o fumo, ou fumaça que disso resultar estará no espaço “para sempre”, isto é, até que tudo que pode ser queimado, acabe.

Mas, além do significado gramatical de “eterno” e da explicação de Apoc. v. 9, há muitas passagens declarando que o fogo que destrói os maus nos últimos dias é um eterno até que consuma tudo e somente deixe as cinzas. Por exemplo, Judas 6,7 diz de forma clara que os anjos estão em trevas esperando o Juízo (igual diz Pedro como já vimos) em “algemas ETERNAS” (aion) . Ora, as algemas eternas serão tiradas quando chegar o Juízo e a condenação final, e a sentença for decretada., assim, a algema é eterna somente até que se cumpra o objetivo e sejam consumidos.

O verso 7 diz que o “exemplo do fogo eterno” é o da punição que caiu sobre Sodoma e Gomorra e as cidades vizinhas. Qual foi a punição de Sodoma e Gomorra? Estão queimando até hoje? A Bíblia diz que não, veja Gênesis 19:24-29. O apóstolo Pedro declara que Sodoma e Gomorra se tornaram em “cinzas” (II Pedro 2:6) para mostrar o exemplo do que acontecerá aos que vivem impiamente. Portanto, o fogo é eterno até consumir tudo neste planeta e Deus criar aqui um Novo céu e uma Nova Terra. Apoc. 21:1, 5 diz que Deus, então, fará novas todas as coisas.

Deus é amor, como deixaria alguém ficar por milênios, pela eternidade afora, se queimando em dores inimagináveis por pecados de uma vida passageira. Ele não prometeu isso, mas disse que o homem que pecasse, morreria. Se comesse da árvore da Ciência do Bem e do Mal morreria.
Para finalizar a Bíblia diz que TODOS os ímpios se tornarão cinzas no dia do Senhor. (Malaquias 4:1-3) o que concorda plenamente com o dizer de Apoc. 20:9; II Pedro 2:6 entre outras passagens.

Mas, e a parábola do rico e Lázaro? (Lucas 16:19-31). O nome do relato já diz é uma “parábola” onde não se vai para o céu, mas para o simbólico “seio Abraão”, também não se trata de “almas” no fogo mas de corpo físico com dedo, língua e que sente calor e pede água para matar a sede, fisiologia de corpo vivo que está sendo queimado, como ocorrerá no Juízo Final. Também deixa clara, a parábola que o mendigo morto e salvo foi levado “pelos anjos”, o que somente ocorrerá no futuro, na volta de Jesus (Veja I Tessalonicenses 4:13-17 entre outras passagens). E quanto a recompensa dos salvos (como no caso do mendigo da parábola) ou dos Perdidos (representado pelo rico da parábola) a mesma parábola declara que ambas as situações somente ocorrerão quando a chegar a ressurreição, que é a única forma (como vimos na passagem anterior) de se voltar de entre os mortos seja para a vida, seja para a morte eterna. (verso 32 e João 5:28, 29).

Finalmente, o apóstolo Paulo ensina que mesmo os que morreram em Cristo não estão salvos a não ser quando ocorrer a ressurreição. Eles não vão para o céu ou um lugar de tormento ao morrerem. Isso somente ocorrerá com a final destruição dos ímpios na volta de Jesus. Também não vão como almas sem corpo. A Bíblia ensina que se não houver ressurreição “naquele dia”, todos os que morreram em Cristo, mesmo eles, estarão perdidos. Leia I Coríntios 15:16-18.
Em Ezequiel 18:23, 32 Deus declara que não tem prazer na MORTE do ímpio, não se compraz em seu tormento eterno. “Porque não tomo prazer na morte do que morre, diz o Senhor Deus, convertei-vos, pois e vivei.”

Perder a salvação, sofrer “conforme as suas obras” e receber a morte e o esquecimento eterno é a maior punição que Deus pode dar a alguém. Sadismo é se deleitar na dor prolongada de alguém. Deus não se deleita nem mesmo no ato da morte quanto mais na contemplação eterna de alguém em infinitas agonias. Graças a Deus que sua Palavra nos informa: “não tenho prazer na morte do que morre” mesmo que seja ímpio. A extinção é a pena máxima.


Ao contrário do que muitos pensam, Satanás não manda no Inferno. Quem envia os ímpios para lá é o Senhor Jesus Cristo. Ele tem as chaves do Inferno.

Apocalipse 1: 18 E o que vivo; fui morto, mas eis aqui estou vivo pelos séculos dos séculos; e tenho as chaves da morte e do hades.

Obs.: A Palavra Inferno propriamente dita não existe na Bíblia Sagrada, interpretes utilizam esta palavra para separa Mundo dos Mortos do Lugar de Juízo e para identificar o lugar de tormentos, onde os impios sofreram o juízo após a morte.


O conceito sobre o inferno de fogo começou a ser adotado pelos cristãos principalmente a partir do 2.° século EC, bem depois da época dos primitivos cristãos, segundo a “Apocalypse of ‎Peter (Apocalipse de Pedro do 2.° século EC) foi a primeira obra cristã apócrifa a ‎descrever a punição e as torturas de pecadores no inferno”.
No entanto, os primeiros Pais da Igreja discordavam na questão do inferno. Justino, o ‎Mártir, Clemente de Alexandria, Tertuliano e Cipriano acreditavam que o inferno era um ‎lugar de fogo. Orígenes e o teólogo Gregório de Nissa achavam que o inferno era um ‎lugar de separação de Deus — de sofrimento espiritual. Agostinho de ‎Hipona, por outro lado, sustentava a idéia de que o sofrimento no inferno era tanto ‎espiritual como físico — conceito que passou a ser aceito. “Por volta do ‎quinto século a rigorosa doutrina de que os pecadores não terão uma segunda ‎oportunidade após a vida, e que o fogo que os devorará jamais se extinguirá, ‎prevalecia em toda a parte”.

No século XVI, reformadores protestantes tais como Martinho Lutero e João Calvino ‎entenderam que o tormento ardente do inferno simbolizava passar a eternidade ‎separado de Deus. No entanto, a idéia de o inferno ser um lugar de tormento ressurgiu ‎nos dois séculos seguintes. O pregador protestante Jonathan Edwards costumava ‎aterrorizar o coração dos colonos americanos no século XVIII com a descrição vívida do ‎inferno.‎
Pouco depois, porém, as chamas do inferno começaram a diminuir lentamente. “O ‎inferno quase morreu no século 20”

No Cristianismo existem diversas concepções a respeito do inferno, correspondentes às diferentes correntes cristãs. A idéia de que o inferno é um lugar de condenação eterna, tal como se apresenta hoje para diversas correntes cristãs, nem sempre foi e ainda não é consenso entre os cristãos. Nos primeiros séculos do cristianismo, houve quem defendesse que a permanência da alma no inferno era temporária, uma vez que inferno significa "sepultura", de onde, segundo os Evangelhos, a pessoa pode sair quando da ressurreição. Essa idéia é defendida hoje por várias correntes cristãs.



fontes para pesquisa: Jesus voltará  , wikipédiao inferno de dante
                                   

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